AIE diz que sucessor de Chávez terá desafios enormes da Venezuela

AFP
13/03/2013 às 21:44.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:52

PARIS - A Agência Internacional da Energia (AIE) alertou nesta quarta-feira (13) sobre os "enormes desafios" que o sucessor de Hugo Chávez terá na Venezuela para conjugar a necessidade de recuperar o setor petrolífero e continuar financiando os programas sociais.

O falecido presidente, "arquiteto de uma política petroleira nacionalista, deixa de herança tensões econômicas crescentes, uma companhia petroleira nacional, PDVSA, em dificuldades financeiras, infraestruturas petroleiras que precisam desesperadamente de investimentos (...) e uma produção de petróleo futura em parte hipotecada com credores chineses", afirma.

Os venezuelanos irão às urnas no próximo dia 14 de abril para eleger o sucessor de Chávez, que morreu em 5 de março. A maioria de analistas veem como certa a vitória do atual presidente "encarregado" Nicolás Maduro, designado pelo próprio Chávez como seu sucessor, que enfrentará o líder da oposição Henrique Capriles.

A tarefa do próximo ocupante do palácio de Miraflores será árdua, pois terá que combinar os investimentos urgentes que a estrutura "decadente" da estatal PDVSA necessita, a "reorganização profunda" do setor que os sócios estrangeiros esperam e a necessidade de continuar a política social de Chávez se quiser manter "a estabilidade social".

A Petróleos da Venezuela (PDVSA) respaldou a política social de Chávez, em detrimento dos investidores no setor. Desde o início de sua presidência, em 1999, a produção passou de 3,2 milhões de barris diários a 2,5 mbd em média em 2012, o que a AIE considera como uma "fração" do potencial do país que se baseia nas maiores reservas de petróleo do planeta.

É uma questão de quanto tempo a precária situação econômica e financeira atual pode resistir antes que o país tenha que enfrentar a uma nova crise, disse a AIE.

A elevada dívida pública, a hiperinflação, o controle de capitais, a escassez de bens de primeira necessidade e a alta insegurança não fazem mais que aumentar a instabilidade. A isso pode-se somar uma queda dos preços do petróleo abaixo dos 110 dólares o barril, alertam.

Contudo, a agência considera que a transição na Venezuela não vai significar uma crise para o mercado. "Apesar de não haver dúvida de que sua morte deixa o país, que conta com as maiores reservas do mundo, em uma encruzilhada", reconhece a agência em seu relatório mensal.

A curto prazo e, apesar da transição política ser "estridente", não se espera que a produção seja afetada, se o atual ministro, Rafael Ramírez, continuar à frente do setor.

A AIE lembra em seu relatório mensal que a Venezuela de Chávez se transformou em uma importadora líquida de gasolina. Contudo, os venezuelanos pagam o preço mais baixo do mundo para encher seus tanques: alguns centavos de dólar.

Ao contrário dos programas sociais, o que pode ser mudado é a 'petrodiplomacia' que Chávez, em particular com Cuba ou Nicarágua, vendendo petróleo a preços preferenciais em vez de vendê-lo a preços de mercado, prevê a agência, braço energético da Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica(OCDE).

Venezuela fornece a Cuba cerca de 102.000 barris de petróleos diários em troca de equipe médica e professores. A Nicarágua chegaram 22.000 barris diários em 2011 e 10.000 a Uruguai, segundo dados de PDVSA.

A AIE lembra também o crédito de cerca de 30 bilhões de dólares concedido pela China a Chávez, que "decepcionou" Pequim e deteriorou as relações com a segunda economia mundial, em troca de 600 mil barris diários.

Segundo a agência, tanto o volume como a qualidade do petróleo "varia mês a mês" e o "errático" cumprimento do contrato preocupa a China, que "poderia atrasar o desembolso dos fundos se não forem resolvidos ou os problemas piorarem durante o novo governo".

"É pouco provável que a China conceda outro petrocrédito a curto prazo, em particular, depois de ter rejeitado pedidos recentemente", inclusive o mês passado, alerta a agência.

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