‘Ainda não é a minha hora de jogar na NBA’, afirma o armador mineiro Raulzinho

Henrique André e Felippe Drummond Neto
Hoje em Dia - Belo Horizonte
14/06/2015 às 11:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:28

Poucos atletas no mundo têm o privilégio de chegar aos 23 anos com a participação em dois campeonatos mundiais e uma Olimpíada no currículo. É o caso do mineiro Raul Togni Neto, o Raulzinho. Jogador da Seleção Brasileira de basquete, o belo-horizontino revelado pelo Minas Tênis Clube defende atualmente o Murcia, da Espanha. Draftado (selecionado) em 2013, nos Estado Unidos, pelo Atlanta Hawks, e posteriormente trocado com o Utah Jazz, Raulzinho aguarda a oportunidade definitiva para atuar na NBA.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o atleta de 1,92 metro de altura, em férias no Brasil, fala sobre a maturidade adquirida na Europa, a expectativa de estar na Olimpíada do ano que vem e o sonho de atuar na NBA. Ele ainda destaca as diferenças entre o basquete brasileiro e o de outros países.

 

Quais as diferenças técnicas e táticas entre o basquete da Espanha e o do Brasil?

O nível do basquete na Espanha está muito mais alto, porque conta com atletas de toda a Europa. No Brasil está crescendo, mas ainda não chegou ao mesmo nível. O investimento e o marketing de lá também são mais explorados.

O que a Liga Espanhola tem que falta ao NBB?

Muita coisa. A Liga no Brasil está começando a ficar organizada agora. Tinha muita mudança nos jogos, era tudo muito confuso. Na Espanha existem duas ou três ligas, como as divisões do futebol aqui no Brasil. Se isso acontecesse por aqui, aumentaria demais o nível do esporte no país.

Como tem sido viver na Europa desde 2011? O que isso vem acrescentando a você como atleta e, sobretudo, como pessoa e cidadão?

É muito diferente. Cultura, idioma e comida. Pra mim, no início, foi muito difícil de adaptar. Agora estou adaptado ao basquete e à vida de lá. Apesar do Brasil ser meu país e de eu querer ver minha família e meus amigos, estou muito bem lá. Sinceramente, não sei se gostaria de voltar a morar no Brasil hoje.

Quais são os seus programas preferidos nos momentos de folga lá?

Costumo juntar os amigos para fazer churrasco quase todas as semanas. Passeios no centro, no shopping. Coisas que não cansem muito. Sempre que estou fora das quadras procuro descansar. O nível de treinamento na Espanha é muito forte.

Você foi selecionado pelo Utah Jazz, mas ainda não disputou a NBA. Muitos dizem que isso acontecerá na próxima temporada. O que existe de concreto nisso? Como está a sua cabeça em relação a esta oportunidade?

De concreto não tem nada ainda. Eles conversam muito com meus agentes. Não costumam falar nada comigo. Sinceramente, acho que é muito difícil me chamarem este ano. Eles estão com dois armadores jovens, então acho muito complicado. Apesar de na NBA sempre acontecer loucuras, acredito que não é a hora. Estou com a cabeça boa pra isso, não me sinto pressionado. É um sonho que tenho, mas ainda tenho que trabalhar muito para poder realizar.

Você acha que já está pronto para dar este importante passo?

Estou sempre preparado. Mas é uma decisão deles.

Como você viu a parceria da NBA com o NBB?

É uma parceria muito boa. A NBB só tem a ganhar. Vai trazer muita visibilidade para o basquete brasileiro. É o que falta. A divulgação é muito importante para o crescimento do esporte.

Da sua geração, o Bruno Caboclo e o Lucas Bebe foram para a NBA nesta temporada (Atlanta Hawks). Como você viu isso?

Com o Bebê eu converso mais. Com o Caboclo eu não tive tanto contato. Está sendo muito difícil para eles, porque foi um ano de adaptação. Passaram por dificuldade. É uma coisa que quase todos os jogadores desta idade que vão para lá passam. Contudo, se eles querem jogar a NBA, têm que passar por isso.

Você teve um encontro com o técnico da Seleção, Rubén Magnano, na Espanha, no final de abril. Como foi a conversa?

Ele sempre gosta de falar como vai ser o calendário da Seleção, explica os treinos e os objetivos para os próximos torneios. No mais, foi isso que conversamos.

Você está convocado para disputar o Pan-Americano, em Toronto, que começa no próximo mês. Acredita que será a chave de entrada para se garantir no grupo que disputará a Olimpíada ano que vem?

Tudo é momento. Falta um ano ainda, muita coisa pode acontecer, mas é claro que penso que cada jogo é importante para que eu consiga esta vaga para disputar os Jogos no ano que vem.

Por falar nos Jogos Olímpicos, é o maior objetivo que você tem atualmente ou a disputa da NBA é o que realmente mexe com sua cabeça?

Os dois. No momento, tenho que pensar na Seleção e fazer o meu melhor. Depois pensar onde jogarei no ano que vem. Tenho que fazer cada coisa no seu tempo e não ficar pensando daqui um ano ou dois. Tenho que esperar as coisas acontecerem, com calma.

Apesar de muito jovem, você já disputou dois mundiais e uma Olimpíada, como é ser precoce?

É um pouco diferente. Poucos atletas da minha idade conseguiram disputar os campeonatos que disputei. Apesar da minha idade, eu tenho muita experiência e isso me ajuda muito. Na minha posição, de armador, tenho que estar sempre comandando o time, estar mais tranquilo, e esta bagagem me ajuda muito dentro da quadra.

O que fazer para não se estagnar como apenas uma promessa?

Venho crescendo a cada ano. Tenho muito a melhorar, mas também já fiz muita coisa. Acho que quem fala que sou uma promessa está errado. Já joguei Mundial, fui importante para a Seleção e, apesar de ter muita coisa para melhorar e muito tempo, isso de promessa já passou. Vou continuar trabalhando e tentar estar preparado para o que vier pela frente.

Você tem acompanhado as finais da NBA? Qual a sua torcida? E quem você acha que leva o título?

É difícil. Sempre torci para o time que tivesse um brasileiro. Agora, as duas equipes têm (risos). Mas o Cleveland, apesar das lesões, vem jogando muito bem. O Lebron assumiu a responsabilidade do time e está próximo de fazer o melhor playoff da história da NBA. Mas vai ser difícil. Sobre torcida, ainda não tenho. Torço tanto para o Leandrinho quanto para o Varejão.

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