
Ter um diploma na mão, cursos que asseguram habilidades técnicas e dominar diferentes idiomas deixaram de ser condições de maior peso para definir uma contratação. Saber gerenciar o próprio tempo, ser persuasivo, criativo e adaptar-se a mudanças são alguns dos critérios de desempate no concorrido e dinâmico mercado de trabalho.
Relatório divulgado recentemente pelo LinkedIn – maior rede social profissional do mundo – mostra a procura dos contratadores pela equação perfeita entre hard e soft skills ou habilidades técnicas e socioemocionais, na tradução livre para o português. No topo da lista das competências “leves”, não ensinadas na escola, aparece adaptabilidade, apontada por muitos headhunters como a mais desafiadora delas.
“É clichê, mas é real. As empresas estão mudando rapidamente. Cada vez mais, trabalha-se com projetos e desafios altamente mutáveis. Se o profissional é adaptável, aprende a exercer liderança, gerencia o próprio tempo e desenvolve metodologias para tornar-se mais criativo e persuasivo. Sem dúvida, é a habilidade mais importante”, comenta Otávio Granha, gerente sênior da Michael Page – empresa especializada em recrutamento e seleção de executivos.
Diretor de Recrutamento da Robert Half, Lucas Nogueira tem interpretação semelhante. “Há uma máxima na área de recrutamento e seleção que é ‘contrate competências, treine habilidades’. As hard skills podem ser ensinadas, desde que o profissional seja adaptável àquela realidade”, reforça, acrescentando a capacidade de autogerenciamento.
“Não há mais tantos gestores como antigamente, cobrando tarefas minuto a minuto. É preciso que cada um controle seu tempo, planeje-se e desenvolva características que permitam relacionar-se melhor com seus pares, chefes ou subordinados”, ressalta.
Inteligência Artificial
O relatório do LinkedIn reforça que fortalecer uma habilidade leve é um dos melhores investimentos que um profissional pode fazer na própria carreira, “já que nunca saem de moda”, diz o texto. Ainda conforme o estudo, a ascensão da Inteligência Artificial leva a uma demanda maior por competências técnicas voltadas para a interpretação de dados e à valorização de características não automatizáveis, portanto, emocionais.
Passos importantes no aprimoramento de habilidades não “ensináveis" são a autorreflexão e a autocrítica, coloca a coach de alta performance Leila Arruda. Segundo ela, voltar-se para si mesmo num exercício de comparação com o que quer o mundo profissional torna mais fácil a compreensão do que falta e, portanto, precisa ser desenvolvido.
“A pessoa pode falar quatro, cinco idiomas, ter um currículo impecável, mas não pode ser prepotente, arrogante e não lidar bem com mudanças. Gosto de sugerir a seguinte pergunta: ‘você se contrataria caso fosse dono de uma empresa’? Quando fazemos esse movimento, nos damos conta se estamos ou não no caminho certo”, ensina a representante da LeaderArt International no Brasil.
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