Álbum de Beatriz Azevedo é desafio para artista e público

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
15/06/2014 às 14:19.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:01
 (Maurizio Mancioli)

(Maurizio Mancioli)

Quando foi convidada para participar do festival “Celebrate Brazil”, no Lincoln Center, em Nova York, com um show completamente inédito, Beatriz Azevedo não quis ter uma postura “chapa branca”. Uma apresentação festiva com todos os elementos clichês da cultura brasileira não fazia parte de seus planos. Sua ideia, então, foi trabalhar os conceitos antropofágicos idealizados por Oswald de Andrade e absorver diferentes matrizes – como a indígena e a africana – para uma encenação cheia de referências.

A experiência foi gravada por um técnico de som do Lincoln Center e transformado no disco “AntroPOPhagia”, que a Biscoito Fino coloca no mercado em parceria com o Selo Sesc. “Eu tinha que tratar o contexto político do momento, em que a questão indígena, por exemplo, está gritando. Há desde problemas com a construção da usina de Belo Monte como os suicídios entre os Guarani Kaiowá. Passados 500 anos, as questões não foram resolvidas”, pontua Beatriz, que estudou o tema Antropofagia em seu mestrado (na USP) e em seu doutorado (na Unicamp).

Com direção musical de Cristóvão Bastos, o repertório conta com poemas de Oswald de Andrade, uma versão para “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, além de parcerias inéditas com Vinicius Cantuária, Deni Domenico, Angelo Ursini e outros. Mas o principal destaque é sua versão ousada para “What Is This Thing Called Love”, de Cole Porter.
 
“Fiz um arranjo de jongo, uma releitura de um standard do jazz sob uma perspectiva inédita. Com a ideia de antropofagia, temos que nos perguntar: qual é o limite? Por que não pode misturar uma música elegante com um ritmo afro-brasileiro? É uma mistura feita de maneira consciente, que resulta em um desafio para artista e público”.

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