Álbum do Pula Catraca reúne marchinhas antitarifárias do Carnaval de BH e canções autorais

Da Redação
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26/08/2021 às 19:58.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:46
 (MARCELA KARITAS/DIVULGAÇÃO)

(MARCELA KARITAS/DIVULGAÇÃO)

Derivação carnavalesca do movimento Tarifa Zero, o bloco construiu, desde seu primeiro cortejo, um repertório de músicas autorais que vão além do consagrado hino que o batiza. Junto a essa e outras marchinhas antitarifárias, estão canções autorais de nomes da cena musical de BH que formam o disco “Pula Catraca”. Evocando a irreverência e a importância das pautas da mobilidade urbana e do acesso à cidade, o álbum será lançado nesta sexta-feira (27), com live no YouTube. O encontro virtual acontece às 20h e terá participação de compositores e intérpretes de músicas do álbum, tais como Du Macedo, Jhonatan Melo, Vivian Andrade, Mestre Cascão e Nathalia Duarte, além das bandas Caminantes e Djalma Não Entende de Política. O link será divulgado na bio do Instagram do Tarifa Zero.

O bloco Pula Catraca surgiu no fim de 2013, como um desdobramento do movimento Tarifa Zero, que emergiu no contexto dos protestos de junho daquele mesmo ano, reunindo ativistas que se interessavam pela pauta da mobilidade urbana. “Nossa ideia inicial era fazer um batuque para fortalecer as movimentações de rua, que eram frequentes naquele ano, quase semanais. Então, decidimos organizar o desfile de 2014 e eu compus a marchinha ‘Pula Catraca’, que virou o hino do bloco”, conta o músico Du Macedo, lembrando que a marchinha ficou com o segundo lugar no Concurso Mestre Jonas de 2014, atrás apenas de “O Baile do Pó Royal”. “Ficamos muito surpresos e satisfeitos com o resultado, que trouxe mais visibilidade e adesão ao movimento. A partir daí, também começamos a ganhar outras músicas autorais, agora reunidas no álbum”, completa.

Um dos criadores do Tarifa Zero e do bloco Pula Catraca, Rodolfo Pinhón relembra o contexto político da época. “O reflorescimento do carnaval de BH faz parte do clima politicamente efervescente que já existia na cidade e que foi atravessado pelos protestos de junho de 2013. Não por acaso, muitas pessoas que faziam parte do Tarifa Zero já gostavam e participavam ativamente dos blocos de rua que surgiram desde 2009”, afirma. “A criação do bloco Pula Catraca foi algo muito natural para o movimento, pois, desde seu surgimento, ele já se propunha a fazer política com festa, entendendo que ocupar a cidade é um ato político e que a cidade é também o lugar da festa. Foram feitas chamadas para ensaios abertos em praças públicas e, aos poucos, outras pessoas somaram-se na construção coletiva e o repertório do bloco ganhou uma série de paródias antitarifárias, além das próprias marchinhas autorais”.

O histórico musical do Tarifa Zero, no entanto, vem antes da criação do bloco, como lembra Pinhón, que é integrante da banda Caminantes e assina uma das oito faixas do álbum. “Os primeiros jingles do Tarifa Zero BH foram compostos pela banda Tião Duá (Gustavito, Luiz Gabriel Lopes e Juninho Ibituruna) para o evento de lançamento da campanha, que ocorreu na Praça da Estação e no Viaduto Santa Tereza, no dia 22 de setembro de 2013, o Dia Mundial sem Carro. Foi uma ocupação cultural que contou com diversos shows e apresentações artísticas”, relembra. “Havia uma efervescência única no clima político e cultural de Belo Horizonte e a campanha do Tarifa Zero BH acabou alcançando muitas pessoas e contando com muitos colaboradores. Nesse contexto, o movimento também foi presenteado com a composição ‘Bônus Antitarifário”, de Carlos Bolívia, da banda Djalma Não Entende de Política, e o cordel escrito por Mestre Cascão e arranjado musicalmente por Di Souza”, completa.

Diante de um repertório significativo, os organizadores do bloco Pula Catraca concluíram que era hora de registrar as faixas em um álbum, a exemplo de iniciativas como o disco “Deita no Cimento – Músicas do Carnaval de Rua de Belo Horizonte 2009-29014” (Vinyl Land Records, 2014). “No começo de 2021, surgiu a oportunidade de escrever um projeto para a Fundação Rosa Luxemburgo, no qual a ideia do álbum foi inserida. Em março, o projeto foi aprovado e, finalmente, tivemos orçamento para realizar a gravação das músicas e a produção do álbum. Algumas faixas foram gravadas em estúdio pela primeira vez, outras foram regravadas e algumas foram remasterizadas. Todo processo foi feito no Estúdio Galvani e contou com o trabalho de muitos excelentes músicos da cidade”, destaca Pinhón.

Para Du Macedo, o disco “Pula Catraca” encontra unidade em vários aspectos, ainda que musicalmente as faixas passeiem por diferentes ritmos, como samba, samba-reggae e funk. “As músicas se unem pela temática, por tratarem da mesma temática, da mesma pauta, da mobilidade urbana, da tarifa zero; e, também, pelo despojamento, pela alegria, que marca o Carnaval de rua. É um disco que tem o espírito da rua”, afirma o músico, que produziu cinco faixas do álbum. “Todas as músicas trazem essa característica do despojamento e da alegria, ao mesmo tempo que não perdem o caráter da luta e do comprometimento com esta pauta, que é o que nos guia até aqui”.

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