Pela densidade do tema, e pelo material colhido, “Égun”, que terá sessão de pré-estreia nesse sábado (30), no Cine Humberto Mauro, poderia, sim, ser um longa. Mas ante o tour de force enfrentado pelo seu diretor, Helder Quiroga, a sensação de ver o curta finalizado e, agora, exibido ao público, já se transmuta na mais contagiante alegria. A gênese dessa empreitada pode ser localizada 12 anos atrás, quando o diretor belo-horizontino fazia pós em cinema no IEC/PUC.

“Foi quando tive o insight de tratar a relação afro-descendente no Brasil, um pouco incomodado com o tom depreciativo que via na abordagem desse tema”. Com toda a seriedade que o assunto exige, Helder tratou de imergir no assunto. Em Salvador, por exemplo, visitou os terreiros do Gantois, Oxumarê e o do Mestre Didi. Mais tarde, conheceu o babalorixá Erisvaldo dos Santos, que acabou se tornando um espécie de consultor de Quiroga.

Intolerância religiosa

Já com o curta em mente, inscreveu o projeto em leis de incentivo. A aprovação, porém, não garantiu a captação dos recursos. “Esbarrei na questão da intolerância religiosa”, lamenta ele, sobre a recusa de alguns empresários a chancelar um filme com essa temática. Por obra do destino, recebeu um sábio conselho, do amigo Guilherme Fiúza: tocar o projeto como animação.

Estranhamento

O que de início gerou um certo estranhamento – “minha formação é de cinema ‘tradicional’” –, virou desafio. E, posteriormente, foi se concretizar com a adesão de Leandro HBL, da Mosquito Project, que se ofereceu para produzir o curta. “Fiquei feliz da vida”, confessa Helder, que passou a receber propostas de estéticas de animação, para selecionar uma coerente com suas ideias.

O que se deu com o trabalho Adams Carvalho, adepto da rotoscopia, que trabalha a animação sobre atores reais: no caso, Benjamin Abras, Carla Gomes e Sérgio Pererê, que também responde pela trilha, ao lado de Vittor Santana.

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