1999: o ano em que o pop bombou e espalhou sucessos pelo mundo

Jéssica Malta
06/02/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:24
 (Divulgação)

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Faltava pouco para o novo milênio começar quando o quinteto de Orlando lançava o terceiro álbum, “Millennium”, vendendo 9 milhões de cópias somente na primeira semana. Os Backstreet Boys se consolidavam ali, em maio de 1999, como a maior boy band de todos os tempos.

Vinte anos depois e alguns sucessos também, os já quarentões voltam a alcançar o topo de vendas da Billboard com “DNA”, novo disco lançado em janeiro. Nele, a música “Don’t Go Breaking My Heart”, com a qual concorrem ao Grammy de Melhor Performance de Duo/Grupo Pop.

Aquele ano em que os americanos estouraram com pelo menos quatro mega hits, a exemplo de “I Want It That Way”, foi extremamente profícuo para a indústria da música pop. Foi em 1999 que apareceram para o mundo as cantoras Christina Aguilera, Britney Spears, Jennifer Lopez e outros artistas que fazem parte, até hoje, da memória dos adolescentes daquele tempo.

Todo esse sucesso, que acumulava recordes, guardava características em comum, de acordo com o jornalista e publicitário Rodrigo James, do site mineiro Esquema Novo. “Eram melodias fáceis, letras que falavam sobre temas da adolescência, cantados por vozes que eram facilmente reconhecidas”, observa.

Até mesmo os discos que fugiam da temática teen compartilhavam de semelhanças com o pop adolescente. “Mesmo a Mariah Carrey, com ‘Rainbow’, trazia coisas em comum como as melodias e a voz reconhecível”, afirma. 

Estética

Para além da música, James acredita que outro fator foi fundamental para a explosão vivida pela música pop no período: a estética. “Não podemos achar que era só o disco. Se não existisse a imagem, nada disso teria acontecido”, destaca. 

Exemplo foi o êxito das boy bands. “O próprio conceito dos grupos era baseado na estética. Eram meninos bonitos, que cantavam direito, mas nem sempre eram os compositores”, explica.

A presença constante na TV – seja em programas ou clipes – também era algo que reforçava a importância da imagem. “O disco acabava sendo secundário, um complemento para abastecer o público”, relata. Divulgação

Britney Spears continua na ativa; recentemente, finalizou longa residência em casa de shows de Las Vegas

Renovação

A produção do final dos anos 90 foi importante também para revigorar o gênero pop, opina Valmique Junior, editor-chefe do portal mineiro de entretenimento Muza. 

“Até então, a música vinha em uma pagada mais pop rock, com nomes como Alanis Morissette e Oasis. Os discos de pop de nomes consagrados como Madonna tinham pegada mais madura. Até que houve a explosão da popmania, que havia começado com as Spice Girls, mas ganhou força com Britney e Christina Aguilera”, lembra. 

O sucesso também mudou a cara das paradas musicais. “A primeira metade dos anos 90 foi radicalmente oposta em termos de estilo aos anos 80. Já a segunda metade trouxe algo mais melódico, ditando nova tendência. Se o Nirvana trouxe o acústico, o pop que veio em seguida trouxe de volta o frescor e os arranjos eletrônicos”, sublinha o produtor e DVJ da festa Supra Sumo, Rogério de Aguiar. 

Músicas e artistas continuam relevantes após duas décadas

Apesar de sucesso estrondoso no fim do milênio passado, muitos dos artistas seguiram com a carreira e, mesmo em meio a pausas, conseguiram manter a longevidade e o sucesso. Prova disso é a indicação de Christina Aguilera ao Grammy com a música “Fall In Line”, parceria com Demi Lovato lançada após hiato de 6 anos. 

Para Valmique Junior, do site Muza, a presença de nomes como o de Aguilera e dos Backstreet Boys nas paradas e premiações é prova de que a música pop não é descartável como há muito tempo é definida. “A longevidade contradiz essa ideia e deixa um exemplo para a nova geração”, afirma ele, que credita os muitos anos de estrada à capacidade de reinvenção dos músicos. 

Influência

Se a imagem foi de suma importância para grupos e cantores pop do final dos anos 90, agora ela parece ter se tornado ainda mais importante. 

O jornalista Rodrigo James observa a força do apelo imagético no funk brasileiro, que tem como motor de sucessos o próprio YouTube. “Hoje, ter uma imagem para colocar na plataforma é mais importante que ter um álbum. Muita gente nem lança discos”, pontua ele, exemplificando com o canal Kondzilla, responsável por muitos lançamentos do gênero. 

Ele traça, também, paralelo nas próprias imagens dos artistas atuais diante das estrelas daquele tempo. “É basicamente o que aconteceu com as boy bands. Os meninos do funk de hoje agradam as meninas do mesmo jeito que os Backstreet Boys agradaram lá atrás”, compara. 

Musicalmente, o produtor Rogério de Aguiar vê, atualmente, muitas influências do pop feito há 20 anos. “A Dua Lipa, por exemplo, tem essencialmente uma influência da Britney Spears. A própria série de TV ‘Glee’ também trouxe isso, ao reviver muita coisa”, diz. Editoria de Arte

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