Belo-horizontina alcança novos voos na TV

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
03/02/2015 às 08:26.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:53
 (Vivian Pipin e Vanessa Deleu/Divulgação)

(Vivian Pipin e Vanessa Deleu/Divulgação)

“Casada em comunhão total de bens com o teatro”, como ela mesma diz, a premiada atriz belo-horizontina Fafá Rennó vem mantendo relações “extraconjugais” com a telinha. Quem acompanha a nova e super comentada minissérie da Globo “Felizes Para Sempre?” é cúmplice desse relacionamento. Na trama, Fafá vive a personagem Virna, secretária do poderoso advogado Cláudio Drummond, interpretado pelo ator Enrique Diaz.

Mas essa não é a primeira aparição na moça na TV. Em 2013 ela integrou o elenco da série “Beleza S/A”, pelo canal GNT. Na pele de Priscila, ela viveu bons e hilários momentos com a personagem que era figurinha carimbada na clínica estética, mas que nunca entrava na faca por medo. “O Beleza S/A foi um divisor de águas na minha vida. Eu amei tudo o que passei. Depois da série, as coisas começaram a andar para mim aqui”, avalia ela que se mudou para São Paulo em 2012.

Foi por seu trabalho no seriado da GNT que surgiu o convite para participar da minissérie global. “O convite foi um presente. A Cecília Homem de Melo (produtora de elenco), que já tinha conhecido no ‘Beleza’, me mandou uma mensagem, sondando se eu estaria disponível para fazer uma participação em outro trabalho”, conta ela, que prontamente disse sim, mesmo sem saber do que se tratava.

A participação na minissérie é mais um passo na trajetória da talentosa e versátil atriz de 36 anos, que também já escreveu e dirigiu peças teatrais na capital mineira. Fafá é uma das fundadoras da companhia Luna Lunera e, em 2010, assinou a dramaturgia e direção da peça “Um Gato para Gertrudes”, pela qual foi indicada ao prêmio de melhor direção e espetáculo infantil no Prêmio Sesc-Sated/MG. Por falar em produção voltada aos pequenos espectadores, Fafá Rennó tem um vasto currículo nesta seara e atualmente está no elenco da peça “O Rei e a Coroa Enfeitiçada”, em cartaz em São Paulo, que tem texto assinado por Rogério Falabella e direção das atrizes Cynthia e Débora Falabella – todos mineiros. “Foi outro presente que recebi ano passado. É uma equipe sensacional feita por mineiros e paulistas”, comemora Fafá que confessa um desejo de cumprir uma temporada do espetáculo em Belo Horizonte. “Como no elenco tem mineiro, a torcida para irmos é bem grande”. A atriz também faz parte do elenco da série infantojuvenil da TV Cultura “Que Monstro Te Mordeu?”, criada por Cao Hamburger, a mente por trás de “O Castelo Rá-Tim-Bum”.

Confira entrevista:

Quando começou seu envolvimento com as artes cênicas?

Eu fiz minha primeira peça aos 9 anos. Chamava “O emprego da Lua”. Foi uma peça escrita e dirigida pelo Nino Stutz e feita só por crianças, todos alunos do Colégio Marista Dom Silvério. Depois disso eu continuei nas aulas de teatro com a Cristina Tolentino, também, no Colégio. E paralelo eu fazia ballet e Jazz (na época era Jazz!!!). Sempre fiz algo ligado às artes cênicas... E em 1998 eu entrei para o Palácio das Artes – CEFAR. Me formei em 2000 e daí minha turma fundou a Cia de Teatro Luna Lunera onde fiquei por quase 10 anos.


Você é uma das fundadoras da companhia Luna Lunera. Agora morando em São Paulo, como está sua relação com o grupo? Existe algum projeto de trabalho com eles?

Eu sempre falo que minha relação com o Luna é AFETIVA. É minha família no teatro... sempre será!!! Eu os amo e admiro muito. Sei das batalhas para chegar até onde chegaram, batalhei com eles também por muitos anos. Hoje acho que me considero uma colaboradora e parceira. Ainda faço, quando está em pauta, a peça “NESTA DATA QUERIDA” e se é preciso também faço o “CORTIÇOS”. Vou aos ensaios abertos, dou palpites, saio, brindo, festejo... São meus amigos muito antes de formarmos a Cia. E assim continuam!!! Quando eles vêm a SP nos vemos. Eles já me viram no teatro aqui e eu tbm sempre os vejo. Não temos projetos de trabalhar juntos... Mas eu topo, já falei isso pro Di, pro Thello, pra Bella e pro Papai (Cláudio). É minha casa... e é sempre bom poder voltar pra casa.


Você tem uma forte relação com trabalhos voltados para o público infantil, tanto que escreveu e dirigiu a peça “Um Gato para Gertrudes”. Qual o maior desafio em produções voltadas para esse público?

Bom, o maior desafio... é como qualquer outra produção!!! Eu não acho que seja diferente. Não acho que o teatro infantil seja mais fácil, muito pelo contrário. É um público bem exigente. E outra, são sinceros ao máximo!!! Se gostam e se não gostam. E o teatro infantil tem um outro público que também precisamos pensar: OS PAIS!!! Os adultos que trazem as crianças. A peça também pode ser divertida para eles. Até porque é um momento que a Família está buscando sair de casa, se divertir junta, compartilhar algo. Logo, sempre acho que a peça infantil, na verdade, é familiar. E como todo e qualquer público, merece ver algo bem feito, bem cuidado, pensado, caprichado... entende!? Eu penso que fazer teatro para crianças é fazer teatro para todos.


O que levou você a se mudar para a capital paulista?

Eu já me perguntei isso algumas vezes... (risos). O que me fez sair de Belo Horizonte... Da minha casa... da minha segurança... da minha vida... dos meus amigos... sair de perto da minha família para vir pra São Paulo!? E eu te digo: Foi a minha curiosidade! Foi a minha vontade de trabalhar com pessoas que não iam para BH. Pessoas que não estavam em BH. E graças a Deus e à minha curiosidade eu estou podendo trabalhar com algumas delas hoje. Estar aqui não é fácil, sempre falo isso para todo mundo que me pergunta “Como está aí?” ou “Quero ir também!”. Estar aqui é, muitas vezes, abrir mão de muitas, mas muitas coisas mesmo. Mas ainda está valendo a pena essa minha curiosidade! Daí... vou caçando um jeito de ficar por aqui.


Você fez alguns trabalhos para produtoras de cinema, como propagandas e curtas. Trabalhar em TV era algo que estava em seus planos?

Quando eu vim para SP eu não imagina chegar até aqui tão rápido. Porque foi tudo bem rápido. Claro que trabalhar em TV estava nos planos, mas não foi uma coisa que eu busquei com muito afinco. Até porque eu nunca tive uma experiência com TV a esse ponto. A ponto de me criar uma necessidade... um desejo imenso. Digamos que eu sempre namorei a TV... Sou casada em comunhão total de bens com o Teatro.... e tenho muita, muita vontade de fazer cinema, mas isso ainda não apareceu por aqui. O meu currículo nessa área (CINEMA) é bem tímido... Mas espero reverter isso!!! (risos)


Recentemente integrou o elenco de “Beleza S/A” com a divertida Priscila. Como foi essa experiência? Abriu portas?

O Beleza S/A foi um divisor de águas na minha vida. Eu amei tudo o que passei, todas as pessoas que eu conheci e que até hoje mantenho relações aqui em SP. Agradeço tudo o que eu aprendi, e ainda aprendo, com cada um que cruzei no set e que troquei em conversas. Foi lindo poder trabalhar com os diretores e, principalmente, com a Fabrizia Pinto, que bancou a minha Priscila e me levou nessa viagem com ela. Depois do BELEZA as coisas começaram a andar pra mim aqui, sem dúvida!!!


Como surgiu o convite para participar de “Felizes para Sempre?”. Passou por algum teste? Fale um pouco de sua personagem.

O Convite para o “Felizes para sempre?” foi um presente. Eu já havia feito o Beleza, que também tinha sido produzido pela O2 filmes. Também já tinha gravado uma campanha publicitária com o Meirelles e o filho dele. E um dia a Cecília Homem de Melo, que já tinha conhecido no BELEZA S/A e que trabalha no casting da O2 me mandou uma mensagem sondando se eu estaria disponível para fazer uma participação num outro trabalho, mas não me disse o que seria. Prontamente eu disse que SIM!!! Passou um tempo... um longo tempo... e a Ingrid me ligou e me fez o convite para ser a Virna, secretária do Cláudio Drummond, personagem do Kike Diaz na nova série que a O2 estava fazendo junto com a Globo. Imagina minha alegria!? Pois é! Daí eu fui gravar aqui em São Paulo no segundo semestre de 2014. 


Como foi trabalhar com Fernando Meirelles?

O Meirelles é dessas pessoas ímpares que encontramos na vida. Rapidamente você entende porque ele é quem ele é e que o faz dele ser essa pessoa. Pensa num cara tranqüilo, boa praça, atento, atencioso, carismático, na dele, inteligente, carinhoso, sabe o que quer e o que precisa para conseguir. E isso tudo sem passar por cima de ninguém, sem alterar a voz, sem se impor por meio de poder ou coisa que o valha. Ele tem sempre um sorriso no rosto e faz questão de te chamar pelo nome, de dar bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado, por favor, ri das coisas engraçadas que acontecem no set, escuta os atores e suas idéias para as cenas nos ensaios... Ele traz uma calma e harmonia para o caos que muitas vezes existe nesses lugares. Eu sou fã dele em todos os sentidos. E o que eu puder aprender com esse cara... as oportunidades que eu tiver de estar perto dele e com ele... pode ter certeza, vou aproveitar cada segundo!


E com Cao Hamburguer?

Eu tive muito pouco contato com o Cao. Conversamos em algumas reuniões do elenco em que ele nos mostrou como seria a ideia do quadro das Montanhas na série “QUE MONSTRO TE MORDEU?”. Mas quem dirigiu esse núcleo foi um dupla sensacional de diretores: o Arthur Warren e o Gustavo Suzuki (Suza). Mas o pouco contato que eu tive pude ver que ele é muito divertido, meticuloso com o que faz e que também sabe a que veio e o que quer. O Cao é um dos diretores com quem eu tinha vontade de trabalhar. Estou feliz demais em fazer parte desse novo projeto dele para as crianças. Acho ele genial! E espero poder continuar e fazer muito mais. Estou aqui: disposta e atenta!


Você é uma profissional versátil e atua em várias frentes (atriz, diretora, dramaturga). Mas existe um lugar que se sinta mais confortável? 

Há muito tempo não faço direção... Sinto saudades, gosto de direção de atores. Gosto de atores!!! Gosto de ser atriz. Gosto de bons diretores. Estou sempre aprendendo, observando... Quando não estou atuando nos set ou no palco eu sou dessas que fica atrás do monitor, vendo as cenas dos colegas, vendo a movimentação de câmera, olhando a luz, vendo as pessoas trabalharem. Tudo é aprendizado! E se você sabe observar e escutar, você consegue aprender. É a maior escola. Sobre a Dramaturga... ela está sempre aqui... Tô sempre escrevendo... rabiscando... tendo ideias... Vendo se elas vão para algum lugar ou lugar nenhum... E pra mim tudo isso é quase a mesma sensação! E eu sou feliz nos três. Mas se eu tivesse que optar por um apenas... Eu escolheria ser atriz. 


Atualmente está trabalhando em qual produção?

Atualmente, estou no elenco da peça infantil “O Rei e a Coroa Enfeitiçada”. O Texto é do Rogério Falabella e a direção é da Cynthia e da Débora. Foi outro convite/presente que recebi ano passado. É uma equipe sensacional feita por mineiros e paulistas. Nós estamos em cartaz aqui em SP até dia 08 de fevereiro. A produção tem feito projetos para viagens. Existe um desejo de uma temporada aí em BH. Como no elenco tem mineiro... a torcida pra irmos é bem grande!


Tem previsão de algum outro trabalho em TV?

Para TV não há nada previsto ou certo. Sigo fazendo testes, buscando contatos junto com o meu agente e amigo Gil Pariz aqui em São Paulo. Não há nada garantido nesse meio até você se firmar e acho que mesmo quem se firma precisa continuar a caminhar, senão a vida passa por cima e você fica pra trás.


Qual o maior desafio você enfrentou até hoje na carreira?

O maior desafio é manter a sanidade e não pirar nos altos e baixos. Porque é tudo muito instável. Existem os momentos em que, absolutamente, nada acontece; horas em que bate uma tristeza imensa por estar longe; horas de solidão; segurar a auto estima diante dos muitos “NÃOS” que a gente recebe; tentar buscar uma estabilidade interna para conseguir passar pela corda bamba. E, principalmente, não se deixar levar pelo que os outros acham que é sua vida. Existe uma imensa fantasia ao redor dessa profissão (como em outras)... e é uma profissão que vive mesmo de fantasia, mas para viver a fantasia é preciso ter os pés muito bem colocados na terra.


 

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