30 anos sem Drummond são lembrados em lançamento de livro

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
17/08/2017 às 07:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:07
 (Divulgação)

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Há exatos 30 anos o Brasil perdia um de seus maiores filhos. Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira, morreu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro que adotou como casa a partir de 1934. O atestado de óbito apontava como causa males no coração e no pulmão; mas a dor e a saudade da filha, Maria Julieta (morta 12 dias antes, de câncer), possivelmente foram uma ignição para a partida do gênio.


Mensurar o relevo de Drummond é tarefa hercúlea. Para muitos, foi o maior nome da literatura brasileira da segunda metade do século XX. Chancelado no que especialistas apontam como a segunda fase do modernismo literário no país, herdeiro de Mário e Oswald de Andrade, foi também precursor e influência para quase tudo que veio depois – da Marginália aos concretistas. No meio do caminho, havia um poeta, portanto. 


O que talvez seja possível escrever com mais folga é que ele foi um dos inventores de um Brasil moderno, na tessitura de versos profundamente urbanos, cotidianos. “Sentimento do Mundo” (1940) “José” (1942) e “Rosa do Povo” (1945), para citar poucos exemplos, se inscrevem como obras atentas às fragilidades e angústias do mundo de então. 

Intimidade
Para marcar os 30 anos da morte, o Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, recebe hoje o lançamento do livro “Descendo a Rua da Bahia: a correspondência entre Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade”. A programação inclui roda de conversa com a presença das organizadoras e do escritor Humberto Werneck (hoje, à frente da biografia de Drummond), sarau de poesia e sessão de autógrafos. 


Organizada pelas pesquisadoras Matildes Demetrio dos Santos e Eliane Vasconcellos, a obra reúne um conjunto de 63 cartas, cartões e pequenos bilhetes, acrescidos de poemas e crônicas, e uma rica iconografia com cerca de 80 fotos, grande parte delas inédita.


“Trata-se de um material de grande importância para o estudo da literatura brasileira”, diz Eliane. “As correspondências se apresentam como uma espécie de quebra-cabeças, no sentido de que várias informações encontradas ali posteriormente seriam lapidadas em crônicas e artigos por Drummond”. 


A obra dos dois escritores é bastante familiar à pesquisadora, que conviveu tanto com Nava quanto com Drummond e assinou, por exemplo, “Drummon(d) tezuma: correspondência trocada entre Carlos Drummond de Andrade e Joaquim Montezuma de Carvalho” (2004). Neste sentido, as três décadas de ausência do poeta se alocam, para ela, como uma pessoalidade. “Sinto falta da presença física, da convivência. Toda perda é difícil, especialmente quando se trata de alguém importante como ele”. 
 
Lançamento: “Descendo a Rua da Bahia”. Hoje às 19h no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201–Centro)

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