'A Batalha dos Cinco Exércitos' encerra trilogia do Hobbit

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
10/12/2014 às 07:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:19
 (Divulgação)

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A partir de quinta-feira (11), os cinemas de todo o mundo serão dominados pelo épico, mas sombrio, “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”, com o qual o diretor Peter Jackson fecha mais uma trilogia. Rodado na Nova Zelândia, o filme tem início com o ataque ao povo do dragão Smaug, oferecendo duas horas e 24 minutos de ação quase ininterrupta, com grandes efeitos especiais. As duas partes anteriores, cumpre dizer, arrecadaram nada menos que 2 trilhões de dólares. Sim, você leu bem.

E atire a primeira pedra quem já assistiu às franquias capitaneadas pelo diretor – “O Senhor Dos Anéis” ou “O Hobbit” – e nunca sonhou morar no Condado, a simpática e aconchegante vila dos hobbits. Desde quando Bilbo Bolseiro saiu de sua toca na companhia de 13 anões para conquistar uma parte do tesouro guardado pelo dragão Smaug ou quando seu sobrinho, Frodo Bolseiro, partiu em uma jornada para destruir o Um Anel e salvar a terra-média das mãos de Sauron, o condado dos hobbits permeia o imaginário dos fãs do universo criado pelo britânico J. R. R Tolkien.

Belo Horizonte, claro, não ficaria de fora. Na rua Pernambuco, na Savassi, por exemplo, uma loja de artigo para colecionadores – com o sugestivo nome de “Toca do Bolseiro” – servirá, por uma semana, como abrigo para os fãs dos seres de pés peludos. Entre os dias 15 e 21 deste mês, acontecerá a “Semana Hobbit”, que deve atrair aproximadamente mil pessoas em torno de várias atividades relativas à obra de Tolkien: concursos de cosplay, mesas de RPG, jogos de tabuleiro, workshops de ilustração de mapas da Terra Média e exibição dos filmes e animações da obra.

Assista ao trailer de O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos:

Para Edy Abreu, curador do evento, a Semana Hobbit não se restringe apenas aos alucinados pela terra-média, já que a Toca do Bolseiro, apesar do nome, funciona como uma espécie de “santuário nerd”. “Um dos objetivos de fazer um evento com uma semana de duração é justamente variar o público com as atrações diferenciadas e não ficar restrito a um único círculo. Fãs de outras obras do universo nerd também são esperados, como fãs de anime, Star Wars e quadrinhos”.

Os livros de Tolkien tiveram na cultura pop, um impacto semelhante à saga Star Wars nas décadas de 1970 e 1980. Vários produtos da cultura pop beberam da influência do escritor para criar suas própria obras. Os mais novos vão se lembrar de “Game of Thrones” (HBO), adaptação da saga “As Crônicas de Gelo e Fogo”, do americano George Martin, e quem cresceu nas décadas de 1980 provavelmente se recorda de “Caverna do Dragão”, com elementos também retirados da terra-média de Tolkien. “Tanto ‘O Senhor dos Anéis’ quanto ‘O Hobbit’ atraíram muitos fãs principalmente pela própria obra de Tolkien, que possui uma forma única de escrever e descrever sua história.

Prova disso é que muitos autores se inspiram nele, como a autora de ‘Harry Potter’, J. K. Rowling”, diz Edy, lembrando que a saga do bruxo, que também parte em uma jornada para destruir um artefato mágico contra um mal que tenta dominar o mundo, se assemelha bastante à de Bilbo e Frodo Bolseiro.

 

Com um pé atrás, mas exercendo a tolerância

Mais do que proteger a Terra-Média do mal representado por Sauron, Frodo e seus amigos ajudaram Tavos Mata Machado a escolher o que fazer “quando crescer”. Ele tinha 11 anos quando o primeiro “O Senhor dos Anéis” foi lançado, em 2001, provocando uma paixão imediata em torno do universo de Tolkien. Treze anos depois, Tavos se embrenhou tanto no mundo de elfos e hobbits que hoje vê como natural a opção de mestrado em literatura inglesa. “Na graduação, escolhi Letras porque queria estudar linguística, já que Tolkien era um filólogo e tinha tanto rigor com a língua que criou vários idiomas para as suas histórias”, assinala o mestrando da UFMG.

Mesmo mudando de foco logo depois para letras inglesas, Tolkien continuou sendo fonte de inspiração. E não só pelo fato de o escritor ser britânico, mas também porque assim Tavos teve a oportunidade de ler os livros na língua original. “Apesar de a tradução ser boa, não se compara à fineza como Tolkien trata a língua”, destaca.

 

Tavos observa que começou “O Senhor dos Anéis” na época certa, adolescente. Só nessa idade, defende, pode-se ter um fascínio assim por dragões, cavaleiros e todo imaginário medieval. “Esse tipo de fascínio é difícil de ser exercido na vida adulta, pois acharão vazio e clichê. Por sinal, foi Tolkien quem criou os clichês desse universo”.

Agora dizendo-se dono de um olhar mais profundo e elaborado, ele enxerga no escritor uma integridade literária não alcançada por nenhum outro do gênero. Em relação às adaptações para o cinema, Tavos se define como tolerante. “É outra obra. Não devemos avaliar como mérito o quanto próximo é do livro”.

Dentro dessa perspectiva, ele considera a primeira trilogia (“A Sociedade do Anel”, “As Duas Torres” e “O Retorno do Rei”, de Peter Jackson) muito boa, só lamentando a necessidade de ampliar o romance entre a elfo Arwen e o humano Aragorn. Já sobre “O Hobbit”, Tavos confessa que está com um pé atrás sobre o derradeiro episódio. “O primeiro conseguiu incorporar elementos não aproveitados em ‘O Senhor dos Anéis’ e acrescentar histórias de ‘Contos Inacabados’ (coletâneas de notas esboçadas por Tolkien e terminadas pelo filho, Christopher), tapando vários buracos da trilogia original. O segundo me decepcionou ao inventarem um triângulo amoroso e obscurecerem personagens muito interessantes”, avalia.

 

Orcs, trolls, elfos, anões... e muito mais

Existem vários jogos baseados em modelos, jogos de cartas, jogos de tabuleiro e games que ocorrem na Terra-Média, a maioria retratando cenas e personagens de “O Hobbit” ou “O Senhor dos Anéis”. Gustavo Henrique, ou “Caverna”, nunca leu as 1.202 páginas de “Senhor dos Anéis”, mas conhece toda a história. Trabalhando na Toca do Bolseiro desde sua inauguração, cita o famoso jogo “Dungeons And Dragons” como mais um produto das fileiras dos influenciados por Tolkien que estarão na “Semana Hobbit”. O jogo traz criaturas como orcs, trolls, elfos e anões, mesmo fora do universo tolkieano. Outro exemplo é “Dragon Quest”.

Sobre a obra de Tolkien, o “The Sunday Times” disse, certa vez, que “o mundo está dividido entre os que já leram ‘O Hobbit’ e ‘O Senhor dos Anéis’ e os que ainda não leram”. Quem vai à Toca, claro, pertence ao primeiro grupo.

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