A câmara coreografada de Vincente Minnelli

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
08/07/2014 às 08:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:18
 (MGM)

(MGM)

As primeiras câmeras Technicolor eram pesadas e grandes. Trabalhar com elas era o primeiro dos desafios a ser encarado por diretores de um gênero que estava no auge na década de 1950: os musicais. Vincente Minnelli não se intimidou e pôs os “trambolhos” para dançarem com Gene Kelly, Fred Astaire, Cid Charisse e Judy Garland.

“Minnelli era muito refinado. Colocava a câmera dentro da ação de uma maneira discreta, sem precisar recorrer às ‘piruetas’ de seus colegas”, destaca o crítico e professor de cinema Heitor Capuzzo, palestrante da mostra dedicada ao cineasta, que tem início nesta terça-feira (8) no Cine Humberto Mauro.

Para Capuzzo, que faz parte do corpo docente da School of Art, Design and Media da Nanyang Technological University, em Cingapura, o realizador americano de filmes como “Sinfonia de Paris” (1951), “A Roda da Fortuna” (1953) e “Gigi” (1958) “coreografava com a câmera” com tanta sutileza que, muitas vezes, o espectador não percebia que o aparelho estava em movimento.

Não só dominava a câmera como também as cores, como bem lembra o crítico ao citar uma cena de “Agora Seremos Felizes” (1944), um dos dez filmes de Minnelli presentes na mostra. “Ele pintava com a luz, fazendo uma espécie de quadro flamengo nesse filme”, registra.

Dessa obra, Capuzzo guarda uma cena que resume o toque mágico do diretor, quando a personagem de Judy Garland (com quem ele se casaria um ano depois) se declara para Tom Drake enquanto apagam os lampiões da sala. “Nesse momento, a câmera praticamente os beija. Eles nem precisavam se tocar porque a câmera já tinha feito isso”, salienta.

A passagem pelos musicais resultaram em duas estatuetas do Oscar (por “Sinfonia de Paris” e “Gigi”), mas a retrospectiva, que ficará em cartaz até o dia 17, também exibirá alguns dramas de sua lavra, como “Assim Estava Escrito” (1952), “Paixões Sem Freios” (1955) e “Sede de Viver” (1956), que valeu a Anthony Quinn o Oscar de melhor ator coadjuvante.

“Vincente Minnelli” – Mostra no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro). Desta terça até o dia 17. Entrada franca.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por