A divina comédia de Moisés em nova versão sobre o profeta

Hoje em Dia *
30/01/2016 às 15:23.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:14
 (Alex Bessas/Hoje em Dia)

(Alex Bessas/Hoje em Dia)

Com o lançamento do livro “Travessia do Egito a Canaã”, o escritor mineiro Rubens Adalberto entra no rol de autores que se inspiram em histórias bíblicas. Este é o caso, por exemplo, do filme “Os Dez Mandamentos”, um recorte da novela de maior sucesso da Rede Record que chegou aos cinemas esta semana. Embora novela, filme e livro digam sobre o êxodo de Moisés e dos hebreus, na publicação, Rubens prefere usar a contramão.
 
“Travessia do Egito a Canaã” não é apenas uma nova versão romanceada da história do profeta, como pretendeu a novela bíblica. Pelo contrário: Rubens ousa lançar um novo olhar sobre o personagem, que desta vez não será tratado como um herói.

O trabalho é a mistura do interesse do autor pelo Antigo Testamento. Assim, no livro, ele faz uma imersão em pesquisas científicas sobre a época e seus personagens e a sua própria versão da história.

“EU NUNCA VI NINGUÉM GOZAR MOISÉS”

Em “Travessia do Egito a Canaã”, Moisés perde o protagonismo para um personagem fictício, o Mago Shollen. É ele quem conta a história dos 40 anos em busca da "terra prometida", porém, ele está sempre desconfiado das intenções do profeta. Aliás, o místico Shollen é um alter ego do próprio autor.

O tom satírico da obra traz um Moisés ególatra, vaidoso, trapalhão, um líder que não manda nada, um enganador. “Na minha versão, Moisés é um safado que só queria ser o rei de Israel. Não foi, porque o Mago Shollen não deixou”, explica Rubens Adalberto.

Sem nunca ter ouvido falar sobre a novela e tampouco que ela tenha virado filme, com estreia nesta semana, Rubens dá gargalhadas quando escuta a novidade.

Para ele, uma produção inspirada no texto bíblico que não tira sarro de seus absurdos só pode ser classificado como “chato”. Rubens garante que se seu livro fosse virar uma produção televisiva teria que ter ótimos “fazedores de rir”.

40 ANOS DE TRAVESSIA EM 10 ANOS DE PRODUÇÃO CRIATIVA

A sátira bíblica é o primeiro romance publicado por ele. Mas será que a proposta ousada de “Travessia do Egito a Canaã” pode desagradar? Rubens não sabe e, aparentemente, não está interessado em saber como as pessoas vão receber o livro.

O livro começou a ser escrito em 2005. Só recentemente, a coisa de um ano, que sua esposa, Andréia Pio, e a enteada, Juliana, sugeriram a publicação. “Isso nunca havia passado pela minha cabeça”, garante Andréia.

Nestes dez anos, o processo de criação e de pesquisa aconteciam de forma espontânea, fosse em um bar, fosse o "conselheiro" travesseiro. Em boa parte, por conta do interesse de Rubens pelo Antigo Testamento.

“O Velho Testamento é um livro muito rico. Toda vez que o abro é um encanto. Mas não com um intuito religioso. Meu interesse é apenas histórico. Religiosamente não dá para ler esse livro”, decreta.

E o mineiro, natural de Barbacena, ainda se permitiu, como ele mesmo diz, a uma “maluquice": incluir personagens contemporâneos na história. Escrito entre muitas idas e vindas, Rubens se apropriou do factual. No livro tem Gonçalves Dias, Cláudio Manuel da Costa, Aristóteles e até personagens da Operação "Lava Jato".

Rubens não gosta de ser classificado como ateu. Mas também, não professa religião alguma. Ele insiste que seu livro não poderia ser diferente, já que, para ele, “a Bíblia é um grande repositório cômico”. E tem uma certeza: o distanciamento religioso foi essencial para a concepção do trabalho.
 

SERVIÇO:

Travessia do Egito a Canaã - R$ 69

Livrarias nacionais

 
(*Colaborou Alex Bessas)

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