"A Lista de Schindler" faz 20 anos e ganha edição comemorativa

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
13/05/2013 às 13:49.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:38

O crítico de cinema paraibano Renato Felix frisa que hoje ninguém mais se lembra que o Oscar “não gostava” de Steven Spielberg. Foi há exatamente 20 anos que o diretor americano venceu a fama de patinho feio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, que o esnobava mesmo quando ele investia em filmes sérios, como “A Cor Púrpura” e “O Império do Sol”.

O divisor de águas foi “A Lista de Schindler”, produção que toca num tema caro aos acadêmicos, muitos deles judeus, como Spielberg: o Holocausto. Realizado em P&B e trampolim do ator Ralph Fiennes, que era desconhecido do grande público antes de assumir o principal papel antagônico, o filme chega ao formato Blu-Ray numa edição luxuosa, com uma hora de extras e livreto que relata os seus bastidores.

Eficiência

O longa recebeu sete estatuetas, entre elas a de melhor filme, direção e fotografia. “O filme colocou o diretor em outro patamar, pelo menos de reconhecimento. Era um projeto muito pessoal para Spielberg e foi bem-sucedido em vários aspectos. No campo artístico, convenceu muita gente que torcia o nariz para ele. O uso do P&B foi uma ousadia para um diretor sempre associado aos blockbusters”, salienta Felix.

Outro mérito, segundo ele, foi expor a tragédia da perseguição nazista aos judeus, durante a Segunda Guerra, como um bem-sucedido testemunho daquele horror. “É, sem dúvida, a mais popular peça de cinema a tratar do assunto. A gente pode sempre discutir se outros são mais contundentes ou mais fundamentados, mas ‘A Lista de Schindler’ é o filme mais eficiente em comunicar essa parte da História”.

Professora de cinema na Universidade Federal de Pelotas (RS), Ivonete Pinto deposita no personagem de Fiennes a maior contribuição do filme. “Enquanto o protagonista, Schindler, é plano, o tenente de Fiennes carrega toda sorte de contradições, com sua crueldade patológica representando bem o espírito do nazismo”. A narrativa se concentra nessa medição de forças, em que está em jogo a vida de 1.100 judeus.

Apesar de alemão e amigo dos nazistas, o empresário vivido por Liam Neesom gastou todo o seu dinheiro subornando oficiais para evitar que seus operários fossem exterminados nos campos de concentração. Uma das cenas mais bonitas mostra os verdadeiros trabalhadores caminhando ao lado dos atores e colocando uma pedra na lápide de Schindler, em Jerusalém.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por