(Paulo Lacerda/Divulgação)
Líderes de torcida, amores não correspondidos e bailes de escola são ingredientes que não costumam faltar em filmes e séries voltados para o público adolescente. Mas em “O Elixir do Amor”, que estreia neste sábado (20) no Palácio das Artes, esses componentes ganham vida em um formato bem diferente: a ópera.
Embora a história original, escrita por Gaetano Donizetti e que estreou em 1832, se passe em uma aldeia basca do século XVIII, o cenário moderninho da adaptação, uma high school norte-americana, não provoca grandes mudanças na obra.
“Quando cantamos, o texto casa muito bem com a proposta do diretor Pablo Maritano. Parecem realmente adolescentes falando sobre o primeiro amor”, conta a solista Fabíola Protzner.
Na ópera, ela dá vida a Gianetta, uma cheerleader rebelde e respeitada pelos colegas de escola. Melhor amiga da protagonista Adina, a personagem é uma das confidentes da garota, objeto do amor do tímido Nemorino.
E é por conta dessa paixão não correspondida que a história se desenvolve. Em “O Elixir do Amor”, o público acompanha a jornada do rapaz, que por sofrer com essa paixão acaba caindo no conto do charlatão Dulcamara, que lhe vende uma poção mágica. Apesar de prometer cura milagrosa, o líquido nada mais é do que uma garrafa de guaraná Jesus misturada a um pouco de vinho.
Atualidade
O líquido “mágico” também faz a ponte com a realidade atual, diz o maestro Silvio Viegas. “Até hoje o elixir do amor está sendo vendido na TV. São chás que fazem emagrecer, gotas que fazem o cabelo nascer de novo. Mesmo que as pessoas saibam que isso não vai funcionar, continuam comprando”, observa ele, ressaltando a temporalidade da produção.
Para Viegas, a leveza do tema faz com que a ópera, além de atual, seja uma boa pedida para quem nunca assistiu a um espetáculo nesse estilo. “É uma ópera alegre, que não é tão longa, e que também traz uma leveza e uma proximidade com o público em geral”, .
Protzner reforça o coro, ressaltando que a temática corrobora para que o espetáculo atinja um público mais amplo. “É uma porta que se abre para popularizar a ópera, vista erroneamente como uma forma de arte elitista”, diz.
O apelo nostálgico da produção é outro destaque da peça. “Você se transporta para muita coisa que já viveu. A questão do bullying, de ter colegas mais tímidos, outros mais desenvolvidos. A ópera é uma combinação certeira de música agradável, com bons cenários e figurinos, a uma leitura que atinge todo mundo”, acredita.
A temática juvenil também revigora o próprio gênero operístico. “O universo de high school traz uma energia e uma jovialidade de são raras de se ver na ópera”, afirma o maestro.
SERVIÇO:
“O Elixir do Amor” – Ópera de Gaetano Donizetti, apresentações neste sábado (20) e em 22, 24 e 26 de abril às 20h, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537 – Centro). Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)