Além da Netflix: Amazon, Looke e outros serviços já fazem sombra ao líder do streaming

Paulo Henrique Silva
08/01/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:55
 (Amazon/Divulgação)

(Amazon/Divulgação)

A premiação do Globo de Ouro, realizada na noite de domingo, comprovou aquilo que os analistas já apontavam: apesar de ainda usufruir de amplo domínio “territorial”, a Netflix enfrentará, neste 2019, a maior de suas batalhas. E não será contra o cinema ou a TV por assinatura. Mas sim frente a outras plataformas que chegam com força total para incomodar a “rainha do streaming”.

Produções como “A Maravilhosa Sra. Meisel” e “Killing Eve”, ganhadoras do Globo de Ouro de melhor atriz para Rachel Brosnahan e Sandra Oh, respectivamente, podem ser vistas na Amazon Prime e na Globo Play. 

Os adeptos de ver filme em casa, na hora que quiser, pagando preço mais em conta que o cinema, já sabem que há opções em Video on Demand (VOD) para todos os gostos.

“Eu assino vários serviços de streaming porque eles me atendem de maneiras diferentes e complementares. O custo e benefício são melhores do que TV a cabo e o aluguel de um título individual no VOD”, destaca o crítico de cinema Leonardo Luiz Ferreira, que, além da Netflix, assina também a Amazon, o Looke e a Mubi para ampliar o acesso a filmes dos mais variados.

Segundo ele, os aplicativos de streaming são realidade no mundo do entretenimento e vieram para ficar. Cada qual com prós e contras. “Cabe ao espectador decidir qual se adequa melhor à sua realidade e fazer a escolha”, assinala Ferreira. E avisa que nenhum serviço tem e terá todos os filmes disponíveis, dando sobrevida para as chamadas mídias físicas, ideal para colecionadores.AMAZON/DIVULGAÇÃO

“HOMECOMING” – Também da Amazon e com Julia Roberts no elenco, já tem legião de fãs

Teste antes

Entre as dicas, vale, antes de mais nada, fazer um test drive. “Todos os serviços têm período de avaliação gratuito e promoções de assinatura”, sublinha o crítico, que não paga mais do que R$ 40 para ter todos. 

“Compartilho minha conta Netflix com amigos. Então, pago R$ 10 por mês. Peguei a promoção Black Friday da Looke e pago pelo catálogo R$ 8 por mês. Na Amazon, outra promo: R$ 10 por seis meses. A Mubi é mais cara porque é em dólar – cerca de US$ 50 por ano”.

Analisando os atrativos de cada uma, a Netflix sai na frente devido às suas produções originais de séries e filmes, “tão vasta de gênero e nacionalidade que o cinéfilo deve prestar a atenção”. A possibilidade também de baixar o conteúdo para ver em tablet, celular ou notebook é outro atrativo. Sem falar na possibilidade de compartilhar a conta com quatro amigos.

De negativo na Netflix, as poucas opções de filmes de autor no cardápio. Algo que a Mubi tem de sobra. “Ela tem uma curadoria de filme de arte com autores consagrados e descobertas. Cada filme vem acompanhado de um pequeno texto crítico de apresentação”, diz o crítico. Outra particularidade é que as obras ficam somente por 30 dias na plataforma, mas podem voltar depois.HBO/DIVULGAÇÃO

“SHARP OBJECTS” – Amy Adams está na minissérie dirigida por Jean-Marc Vallé, da HBO

Leonardo Ferreira assinala que a Amazon disponibiliza de dois a quatro superlançamentos (recém-saídos dos cinemas) por mês, bem mais do que a Netlfix. E as produções originais têm estreado simultaneamente aqui e nos EUA. O catálogo ainda é reduzido e não há cinema brasileiro. Por falar em Brasil, a Looke é 100% nacional. Sem atualização constante, compensa na apresentação de promoções. E é um dos poucos a exibir curtas.

Serviços farão parte do pacote de operadoras de banda larga

Fábio Lima não tem dúvidas: os dois próximos anos marcarão a consolidação do movimento de migração do modelo linear para o não-linear, com o aparelho de TV da sala de estar deixando de ser, definitivamente, o único horizonte dos espectadores.

A convergência levou a uma mudança de hábito, de acordo com o sócio-fundador e diretor da Sofá Digital, uma das responsáveis por fazer a intermediação entre produtoras e operadoras e serviços, o que levará em breve a uma nova configuração.

“O que estamos vendo é uma migração também da tecnologia de distribuição. No lugar de você só assinar a Netflix, por exemplo, você terá uma operadora que, no menu, oferecerá não só a Netflix, mas também a Amazon, a Showtime...”, analisa.HBO/Divulgação

“THE TALE” – Com Laura Dern como protagonista, minissérie é uma produção original da HBO, lançada em 2018

Lima registra que os sites de streaming, em alta no Brasil, serão parte do pacote de uma operadora de banda larga, por serem a última mídia desta cauda. “Não adianta ter Netflix se você não tem banda larga de uma operadora”, assinala o executivo.

Descontos

Para o cliente, destaca Fábio Lima, este movimento poderá ser muito positivo, pois, além de acessar diferentes serviços concorrentes, eles farão parte de um mesmo plano de determinada operadora, com os preços já embutidos na assinatura.National Geographic/Divulgação

Minissérie com Antonio Banderas para a Nat Geo

“O que está cada vez mais evidente é que a Netflix não é uma ameaça para a NET ou para a TV por assinatura. Ela é concorrente da HBO, da Fox...É apenas um serviço de conteúdo que, dependendo de seu pacote, poderá ser acessado ao lado de tantos outros”.

Lima enxerga um movimento mais natural e suave de transformação de hábitos, “com os medos já devidamente aplacados”. Ajudará muito, neste sentido, a própria participação da Globo, por meio da Globo Play, destaca o diretor da Sofá Digital.

“A Globo tem uma força de comunicação que é ‘barata’ se comparada ao esforço da Netflix para ter publicidade. Estou estusiasmado, pois, ao consumar este movimento mais forte, será importante no processo de educação do público”, analisa.

No Brasil, a mudança ocorre de maneira mais lenta do que em outros países, como o México, onde a Sofá Digital também opera. Devido à economia e à legislação, o Brasil é um player tímido. “Há muito o que crescer na América Latina como um todo”.

A convergência, é bom que se diga, não fará o cinema perder espaço. Lima garante que as pessoas não deixarão de ir à sala escura. “Você ainda terá o frequentador de cinema. O que vem mudando é o resultado de determinados tipos de filmes”, observa.

Segundo ele, produções médias e menores estão perdendo púbico, enquanto as grandes estão fazendo mais dinheiro do que antes. “A tendência é de filmes premium irem para o cinema. Eles vão continuar fazendo sucesso”.

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