Algo de novo no front - Centro de Arte e Tecnologia JA.CA compartilha projetos

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
07/06/2014 às 11:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:54
 (Divulgação)

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Criado em 2010, o Centro de Arte e Tecnologia JA.CA está cheio de novidades. Neste sábado (7), por exemplo, tem início a “Semana Aberta do Programa de Residências Internacionais”, promovida em parceria com a Fundação Clóvis Salgado (FCS), e que prevê palestras, leitura de portfólio, workshops e intervenções. Mas não só.    Desde abril, a organização não-governamental, responsável por intercâmbios e residências artísticas, procura um espaço que possa abrigar um projeto “pra” lá de inovador: uma unidade móvel. “Queremos ampliar o diálogo com a comunidade. E uma unidade móvel seria um facilitador”, explica a coordenadora executiva Joana Meniconi.    Localizado no Jardim Canadá (de onde, claro, vem o nome), em Nova Lima, o JA.CA já recebeu, desde a sua fundação, 70 nomes do Brasil e do mundo, dos universos da arte contemporânea, da arquitetura e do urbanismo. Via edital, os artistas são selecionados para residências que duram entre dois e três meses. “No processo, o encontro entre residente e comunidade é incentivado, em uma ação que beneficia ambas as partes. Por isso queremos envolver um número maior de pessoas”, ressalva a coordenadora artística Francisca Caporali.   No caso da unidade móvel, o espaço seria construído em contêineres sobre cegonheiras. “Já temos dois contêineres, estamos conversando com empresas interessadas em doar a cegonheira, mas ainda não conseguimos o terreno”.    Essa talvez seja a maior batalha: achar e convencer proprietários de terrenos a ceder, por certo tempo, o espaço. “Pregamos a mobilidade, acreditamos que percorrer os espaços permitiria estar mais próximo ao público. Vamos circular no bairro, conhecer pessoas, dialogar por meio da itinerância”, destaca Francisca.    Quem assina o projeto é o arquiteto venezuelano Alejandro Haiek – autor de um trabalho similar, o “Wrap House”, que faturou prêmios, como o de Arquitetura em Barcelona EME3 2012 e o de Arte Pública em Shanghai, na China. O “Wrap House” consiste em construir centros culturais a partir da utilização de materiais sustentáveis.   Haiek conta que o maior e mais longo projeto foi no Parque Cultural do Forte Tiuna, em Caracas. “Começou em 2006 com a ocupação de um estacionamento abandonado e teve sua infraestrutura construída com tecnologia de baixo custo, como contêineres navais doados. Meu trabalho é orientado ao desenho de uma logística que fomente o desencadeamento de eventos, e não para grandes construções. Por isso, projetos, como o proposto pelo JA.CA são parte da minha pesquisa”, diz ele.   Uma semana repleta de atividades   Alejandro Haiek se refere ao fato de o JA.CA ter um forte componente social, focado em recuperação de paisagens, com conceitos de reuso, reciclagem e reprogramação. Para o venezuelano, é interessante provar novas práticas e modelos de gestão urbana, refletindo sobre o papel disciplinar do arquiteto, do urbanista e do artista na construção da cidade como um suporte físico e operacional da sociedade.   “É necessário criar um inventário de ações que permitam um novo olhar à noção de mecanismos de cidadania e participação dentro do chamado urbanismo tático, que é promovido por seus habitantes, e não só por políticas públicas”, diz.    A pesquisa conduzida por Haiek e o JA.CA foi estabelecida em dois projetos que coexistirão, pensando em parceria a longo prazo para a construção da sede. Sugestões e parcerias são bem-vindas. “Primeiramente criamos a Wrap House, um aparato de sobrevivência tática: a reflexão de um ambiente construído a partir de materiais existentes no JA.CA e que incorporam as noções de mobilidade, adaptabilidade e flexibilidade. Edifícios sem lugar fixo, ou edifícios para muitos lugares”.   O artista Rafael RG, de 27 anos, participou da residência “RE:USO” em 2013 e ainda sente, na vida pessoal e profissional, as reverberações. “Um dos trabalhos foi premiado em um salão, com uma viagem a Miami. Nesse evento conheci o mineiro Efe Godoy, com o qual elaborei em uma exposição em curso na Lemos Sá, em frente ao JA.CA”.   Junto à FCS   A parceria que tem início neste sábado (7) com a Fundação Clóvis Salgado terá desdobramentos como o da terça-feira (10), quando o público conhecerá o projeto de pesquisa de Krystof Gutfranski, que promove um workshop sobre a investigação de plantas capazes de extrair metais do solos e armazená-los em sua estrutura. No dia 11, haverá intervenção na Rua Carijós, quarteirão fechado da Praça Sete. A paulistana Fernanda Rappa produzirá ação itinerante de divulgação das ervas do Cerrado. Em seu trabalho, a artista quer resgatar a sabedoria dos raizeiros do interior de Minas.    “Levar um dos frutos da residência artística ao hipercentro de BH, provocando o diálogo entre público e o artista, é uma das pretensões do edital desde o começo, esta ação é apenas um reflexo desta ambição”, aponta Sara Moreno, Gerente de Artes Visuais da FCS. Todo o processo de residência e de pesquisa será detalhado ao público na sexta, 13, no encerramento das atividades da primeira semana, com um debate mediado pela doutoranda em Artes Plásticas pela UFMG, Renata Alencar.

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