Aline Calixto lança disco sobre religiões afro-brasileiras voltado para crianças

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
10/10/2021 às 15:32.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:02
 (VITOR BEDETI/DIVULGAÇÃO)

(VITOR BEDETI/DIVULGAÇÃO)

Após buscar músicas “para ninar” o filho Mael, hoje com dois anos, a cantora Aline Calixto se surpreendeu com o fato de haver poucas canções infantis que tematizam o universo mitológico das religiões afro-brasileiras. Foi o pontapé para a concepção do álbum “Pontinhos de Amor”, que será lançado amanhã nas plataformas de streaming.

“Desde que ele nasceu, sempre quis introduzir a música, em seus mais variados estilos, inclusive aquela que faz parte da minha vida religiosa. Sou umbandista há 14 anos. Desde a gravidez, eu cantava para ele pontos de umbanda e ao buscar mais conteúdo nas plataformas, para meu espanto, não encontrei nada para esse segmento”, registra Aline.

Desde o início, a ideia do disco foi apresentar as características de alguns dos orixás, destacando personalidades, atributos físicos e elementos da Natureza ligados a eles. Assim, surgem músicas dedicadas a Exus, pombagiras, Pretos Velhos, caboclos, Ogum, Oxossi, Xangô e Iemenjá, entre outros personagens que habitam os terreiros de umbanda.

Apesar da longa carreira e da familiaridade com o tema, ela salienta que o processo de construção do álbum não foi fácil. “Compor música para criança é uma outra história. Ela exige uma experiência que eu não tinha vivido ainda. Componho desde sempre, mas nunca endereçada a esse público, que é mais literal”, comenta a cantora carioca que reside em BH.

Aline frisa que o panteão das culturas afro-brasileiras é gigante. “Óbvio que não daria para abarcar tudo num único disco, mas já é um começo, apresentando dez orixás e quatro entidades que são encontrados nos terreiros de umbanda”, destaca a cantora, que contou com parcerias como Sérgio Pererê, Makely Ka e Thiago Delegado, também diretor musical.

Apesar de ter consciência de que vivemos uma “intolerância religiosa que nunca esteve tão descarada como hoje”, Aline adianta que o projeto terá continuidade. “Se você me perguntar, eu não saberia responder a razão de ninguém ter voltado o seu olhar para o universo infantil, a partir dos orixás. Quero muito que esse trabalho tenha vários desdobramentos”.

Um desses caminhos, além da possibilidade de um segundo álbum, é um espetáculo com a participação do Giramundo, grupo mineiro de teatro de bonecos. “Quanto mais conteúdo a gente tiver, mais a gente consegue levar a coisa como ela é, sem preconceito, de uma forma leve, desmistificando algumas coisas”, afirma.

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