Alvo de duas invasões recentes, Kleber Junqueira tem 29 dias para ser 'salvo'

Paulo Henrique Silva
03/12/2019 às 08:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:54
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

O Teatro Kleber Junqueira tem exatamente 29 dias para ser “salvo”. A palavra, que dá contornos trágicos a uma história que passou, somente nos três últimos meses, por dois arrombamentos e prejuízo de R$ 230 mil em perda de equipamentos, é a mais usada por Éder Paulo, diretor administrativo e financeiro do espaço localizado no bairro Calafate, na região Oeste de Belo Horizonte.

O último dia de 2019 poderá representar o fim da manutenção do teatro, aberto em 2004, num prédio histórico que abrigou o Cine São José. É quando se encerra o período para captação de R$ 1,5 milhão para a manutenção do espaço e trabalhos de formação, a partir da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. “É a única possibilidade. Ainda dá tempo para salvar o espaço”, assinala Paulo.

O diretor espera que um sinal do governo estadual, que, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, teria se sensibilizado com a situação do teatro, nas palavras de Paulo, e aberto a possibilidade de buscar o apoio de algumas das estatais para o projeto. O Kleber Junqueira está de portas fechadas há dois anos, com várias dívidas pendentes, entre elas mais de R$ 100 mil referentes a um ano de aluguel.

Mesmo fechado, o teatro mantinha todos os equipamentos para a possibilidade de um retorno às atividades, tão logo conseguisse patrocínio. Por duas vezes, porém, foi invadido e saqueado. A última aconteceu na madrugada de sábado para domingo, quando levaram itens como elevador automotivo de palco, refletores, lâmpadas de das de emergência, extintores, figurinos e estruturas de ferro.

“O recurso de R$ 1,5 milhão, se conseguirmos, prevê, por dois anos, gastos com manutenção, como contas de água, energia, telefone e contabilidade. Seria um desafogo para a bilheteria e poderíamos retomar o nosso público. (No caso dos equipamentos) abriríamos (eu e Kleber Junqueira) mão de nossos cachês para comprarmos ou reformarmos o que foi roubado ou danificado”, destaca Paulo.
Incêndio

Para ter o teatro de pé novamente, o diretor financeiro salienta que a captação de um valor inferior a R$ 1,5 milhão não ajudaria a saldar as dívidas acumuladas. “Não é só ligar a luz e pôr para funcionar. Há, por exemplo, uma quantidade certa de fios trifásicos. Seles, por se tratar de um prédio antigo, pode provocar um incêndio”, registra Paulo, que define a situação como desesperadora.

O prédio em art décor localizado na rua Platina foi inaugurado como cinema em 1942. Funcionou até a década de 80, quando deu lugar a igreja, loja de material de construção e duas boates. Em 2004, foi arrendado como teatro

Sem os recursos da Lei de Incentivo à Cultura, a única via seria de doação direta, o que é raro hoje em dia. “A Cemig pode investir cerca de R$ 35 milhões. Deste número, só usaram até agora R$ 26 milhões, tendo condições de entrar com o R$ 1,5 milhão para salvar o teatro. É um investimento que traz muito valor agregado para quem patrocina”.

Uma petição pública e uma vaquinha estão no ar. Quem quiser ajudar, deve fazê-lo pela conta jurídica do teatro: Banco do Brasil, agência 4383-4, conta corrente 5243-4, para Associação Móbile Cultural 07.002.976/0001-42
 

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