'Ana, En Passant' deverá ser o primeiro longa na técnica dirigido por mulher negra

Paulo Henrique Silva
10/06/2019 às 09:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:02
 (APIÁRIO/DIVULGAÇÃO)

(APIÁRIO/DIVULGAÇÃO)

A produção mineira “Ana, En Passant” deverá ser o primeiro longa-metragem de animação do país assinado por uma diretora negra. Previsto para estrear em 2022, o filme de Fernanda Salgado já começa a trilhar seu caminho, sendo o único projeto brasileiro selecionado para participar do Feature Films Mifa Pitches, área de mercado do Festival Internacional de Annecy, na França, o mais importante da animação no mundo.

“Estamos muito felizes com a seleção. Hoje em dia o panorama das produções se baseia em conexões em redes internacionais, que começa no desenvolvimento e vai até a distribuição”, observa Fernanda, que já está em Annecy para as rodadas de negócio ao lado de animações da França, EUA, China, Dinamarca e Itália. O festival tem início hoje e, nos últimos anos, teve participação destacada de filmes brasileiros (“Uma História de Amor e Fúria” e “Menino e o Mundo”).

Em fase de desenvolvimento pela produtora mineira Apiário, a animação terá 80 minutos e acompanhará a história de Ana, uma mulher negra que, em busca de um apartamento, encontra Alice, que é idêntica a ela. Face a face, elas descobrirão o que significa se tornar quem são, enquanto descobrem novos caminhos em meio às memórias, linguagens e imagens de inúmeras cidades inventadas.

Reconhecimento

“É a história de uma mulher em jornada de reconhecimento, buscando conhecer a si mesma, quem é ela em relação aos outros e o espaço que ela ocupa”, registra Fernanda, que estreará na direção de uma animação. 

Antes, a mineira participou como produtora do curta “Balanços e Milkshakes”, considerado, no ano passado, um dos 100 melhores filmes brasileiros na história desta técnica, em votação da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

O fato de contar com duas protagonistas negras não significa que o filme se debruçará sobre a temática, como frisa Fernanda. “Para mim, como mulher negra, é fundamental possibilitar a criação de histórias com protagonistas negras. Sem, necessariamente, querer discutir questões de gênero e raça. Ao colocar personagens vivendo e construindo suas próprias questões, estamos dando visibilidade a estas mulheres negras”, assinala.

BH na tela

Outra curiosidade de “Ana, En Passant” é a questão geográfica, com Belo Horizonte surgindo como um “personagem” à parte na animação. “A gente verá a cidade como um polo cultural, com a presença do Carnaval, que se tornou um dos mais destacados do país, e de importância política. É inevitável que pontos emblemáticos, como a rua Sapucaí e a Praça Sete, façam parte desta narrativa”, revela Fernanda.

Apesar de ser francesa, Ana tem raízes no Brasil, terra natal da avó. “Após a morte dela, Anna virá a Belo Horizonte para encontrar uma história que é dela também”, comenta a realizadora, que misturará várias técnicas de animação no filme, entre elas a rotoscopia, em que o modelo humano é filmado ou fotografado em sequência e o desenho é feito com base nessa “captura”, a partir de um aparelho chamado rotoscópio.

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