Animações voltadas para o público adulto ganham cada vez mais força

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
20/07/2018 às 17:17.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:31
 (Divulgação/Netflix)

(Divulgação/Netflix)

Apesar das animações dominarem a programação dedicada ao público infantil, não são somente as crianças que representam o público cativo desse conteúdo. O sucesso gigantesco de “Os Simpsons”, que se mantém há 29 anos na televisão, é apenas uma das provas do poder desse tipo de criação entre o público adulto. Aliás, é justamente deste universo que vem uma das novas apostas da Netflix: a série animada “(Des)encanto”, de Matt Groening, criador dos “Simpsons”.

Mas não é somente de expectativa que o público dessas produções vive, tanto que não só a plataforma de streaming, como outros canais têm investido em produções animadas voltadas para o público adulto, como “BoJack Horseman”, da Netflix, e “Rick And Morty, do Cartoon Network. Ainda há espaço para a criação independente, como é o caso de “Girls In The House”, um dos grandes sucessos do YouTube brasileiro.

 Para o criador da série, Raony Phillips é possível que a maior quantidade de conteúdo disponível seja um dos motivos para que interesse por séries animadas esteja crescendo entre o público adulto. “Acredito que o sucesso também tem muita relação com aquilo que essas séries abordam, com o visual e também com roteiro”, pontua.

É neste último ponto que ele acredita que está uma das grandes forças de sua criação. “Tento sempre trazer uma coisa nova em cada episódio, acho que isso é muito importante, e tento também contar coisas do dia-a-dia de uma forma cômica”, sublinha. Além disso, a liberdade proporcionada pelas animações também favorecem na produção do humor – para ele, outro fator forte de atração do público. “Tento contar coisas do dia-a-dia de forma bem cômica e acho que a série ganha muito pelo humor surreal. As pessoas costumam procurar conteúdos que tragam um pouco disso”, acredita Phillips.

É nessa liberdade criativa e possibilidade de extrapolar limites que o fã de animações e analista de marketing Marcos Becho, de 30 anos, vê a força das animações. “Há também uma quebra de expectativa que acompanha o humor das histórias: você vê um desenho bonitinho brincando com situações tensas e adultas, como ficar bêbado em uma festa”, exemplifica.

Apesar do surreal ser uma marca presente em muitas das animações, Becho vê uma proximidade dos personagens com o público. “Uma coisa que as animações têm em comum é que os personagens são cheios de falhas, o que permite que a gente se identifique com eles”, diz, citando como exemplo produções como “Rick and Morty”, “Big Mouth” e “Archer”.

Longevidade

O jornalista e roteirista Pedro Grossi, de 35 anos, observa que o formato dos conteúdos corrobora também para a longevidade das animações. “Duas das séries mais longevas da TV (“Os Simpsons” e “South Park”) são animações. Quando os criadores acertam no modelo, ele não tem mais data de validade. Os atores não envelhecem, as novas tecnologias podem ser incorporadas e a história pode se renovar mantendo sempre aquela base”, afirma.

Além disso, ele credita ao roteiro outro ponto forte desse tipo de conteúdo. “Como animações ainda passam por um processo extremamente trabalhoso, existe um apuro melhor com o roteiro e, ao mesmo tempo, uma liberdade criativa enorme. O que eu gosto é que elas podem explorar um aspecto que seria inacessível em live action”, ressalta ele, citando como exemplo um episódio da série “BoJack Horseman”, da Netflix, em que é apresentado um novo universo da história no fundo do mar.

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