Aos 17 anos, a rapper mineira Clara Lima faz sua estreia no cinema em Cannes

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
15/05/2017 às 17:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:34

Na última semana, uma notícia correu à exaustão na timeline de muitos belo-horizontinos, principalmente entre entusiastas do rap. É que a rimadora Clara Lima, cria pródiga das batalhas de MCs de BH, alça um novo voo, por terras até então não exploradas. Aos 17 anos, ela se aventura pelo cinema, e estreia em grande estilo: o curta-metragem “Nada”, protagonizado por ela, será exibido no Festival de Cannes, que começa nesta quarta (17) na cidade litorânea do sul da França.

Dirigido por Gabriel Martins e assinado pela Filmes de Plástico, produtora audiovisual de Contagem, o filme é um dos destaques da Quinzena dos Realizadores, uma das principais mostras paralelas do festival, que neste ano tem poucos trabalhos brasileiros. 

No curta, Clara vive Bia, personagem com a qual guarda semelhanças. “A Bia é uma menina de 18 anos que está se formando no ensino médio. Família e escola pressionam para saber o que ela vai fazer da vida. E ela não quer saber de nada, na real”, conta Clara. “É a dúvida de muitos adolescentes. Tipo eu, mano! Nem sei se quero fazer vestibular, fraga?”, reflete a jovem.

Nascida e criada no Ribeiro de Abreu, comunidade da Zona Norte de BH, Clara conta que o convite para participar do filme pintou no ano passado, num encontro com Gabriel. “Ele me procurou na internet, falou que tinha um projeto de um filme e queria que eu fizesse. Depois, foi numa batalha em que eu estava e já firmamos umas ideias. Me mandaram o roteiro e começamos a gravar”, relembra. “Foi a primeira vez que eu tive contato com um bagulho profissional. Fora isso, só coisa de escola e de igreja. Tive que decorar as falas, ler o roteiro várias vezes, e a galera me ajudou muito. Me encantei pela parada, foi uma experiência maravilhosa. Para nós, as coisas são mais difíceis. Então, quando elas acontecem a gente fica muito satisfeito, tá ligado, mano?”.

Profissão

Matriculada no terceiro anodo ensino médio, na Escola Estadual Margarida Melo Prates, Clara, assim como Bia, não perde tempo com o futuro. Diferente da personagem, porém, ela acredita já ter encontrado seu ofício. “Graças a Deus, vejo o rap como profissão. É um corre de muita luta, que venho fazendo desde 2014, e que agora já começa a dar frutos”, sublinha. “Desde o começo do ano, já não dependo dos meus pais mais para ter minhas coisas”.

Quem acompanha o rap de BH sabe, mesmo, que Clara já é grande. Depois de vencer uma série de batalhas no Duelo de MCs, em 2014, a rapper foi finalista do Duelo Nacional, apenas um ano depois. Em 2015, passou a integrar o coletivo DV Tribo e a gravar, nos anos seguintes, com vários nomes do rap brasileiro atual, como no projeto Poetas no Topo. 

“Foi tudo muito rápido, mano. Mas consegui fazer bem essa transição das batalhas para o estúdio. [TEXTO]Tem sido uma satisfação imensa cantar com ícones do rap nacional”, afirma. 

E o “corre” não para: Clara prepara o lançamento de seu primeiro disco para julho. “Para mim, não tem limite, mano. Quero chegar onde eu nunca achei que poderia”, crava. Bruno Filipi/Divulgação 

“Para nós, as coisas são mais difíceis. Então, quando elas acontecem a gente fica muito satisfeito, tá ligado, mano?”
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