Aos 28 anos, Luiz Felipe Coelho é o único brasileiro na Filarmônica de Berlim

Cinthya Oliveira* - Hoje em Dia
20/05/2013 às 08:24.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:49

BERLIM – Quem tem o cuidado de olhar os nomes dos 128 integrantes da Filarmônica de Berlim, em um de seus programas, verá muitos nomes anglo-saxões, eslavos e orientais. E encontrará também um único nome bem brasileiro: Luiz Felipe Coelho.

Paulistano de 28 anos, o primeiro violinista (também conhecido como Luiz Filip) passou a integrar o corpo efetivo da mais prestigiada orquestra do mundo em setembro do ano passado. Conseguiu a disputada cadeira depois de atuar por mais de seis anos na Academia da Filarmônica, um braço da orquestra dedicado à preparação de jovens instrumentistas.

Antes disso, estudou na Universität der Künste (a universidade de artes de Berlim) graças a uma bolsa de estudo recebida aos 16 anos em um concurso em Campos do Jordão.

Rico universo

Integrar a Filarmônica de Berlim é o topo da carreira de um instrumentista erudito? "Não sei dizer se é o auge, mas é algo muito importante. A filarmônica está inserida em um rico universo de música clássica. Em Berlim, está o máximo do máximo da produção erudita do mundo", diz o violinista, em uma entrevista realizada pouco antes de ele subir ao palco da incrível sala de concerto da orquestra berlinense.

A tradição é fundamental para que a Filarmônica de Berlim seja tão prestigiada em todo o mundo, segundo Coelho. Criada no século 19, a orquestra convidou, em toda a sua história, alguns dos maiores maestros e compositores sinfônicos, como Strauss, Mahler e Brahms.

Mas ninguém vive só de passado. A interação entre todos os instrumentistas é fundamental para a condução da orquestra. "O mais incrível é que a filarmônica é democrática. Todos os músicos têm o mesmo peso na hora de votar. E somos nós quem decidimos todas as questões".

Um dos novos desafios do grupo é encontrar um novo maestro, já que o aclamado britânico Simon Rattle já anunciou que irá deixar a filarmônica no fim de seu contrato, em 2018. Parece um tempo distante para um brasileiro, mas não para uma programada Alemanha. "É mais ou menos como escolher um papa, mas sem fumaça", brinca.

Berlim-Minas

Os instrumentistas da Filarmônica têm dez dias de folga por mês para se apresentarem em outros lugares do mundo. Isso é fundamental para que Luiz Felipe Coelho continue mantendo contato com o Brasil. No ano passado, ele se apresentou duas vezes com a Filarmônica de Minas Gerais no 23º Festival Internacional de Música Antiga de Juiz de Fora e no Festival Internacional de Campos do Jordão. "Estamos planejando um novo encontro no ano que vem".

* A repórter viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha

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