Aos 55 anos de carreira, Claudya lança biografia e relata “briga” com Elis Regina

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
12/10/2020 às 15:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:46
 (REPRODUÇÃO)

(REPRODUÇÃO)

Fã que é fã não economiza nos adjetivos: “Maior extensão vocal” e “pode ter cinco pessoas na plateia que ela cantará para 50 mil”. É como o professor de Geografia Matusalém Duarte define a cantora Claudya, que está completando 55 anos de carreira.

Foi ele quem procurou a reportagem do Hoje em Dia para alertar sobre a efeméride. Mais: para falar de uma das artistas mais injustiçadas da MPB. Ele a descobriu após, há cinco anos, assistir ao documentário “Levante a sua Voz”, sobre o poder da mídia.

“A voz dela aparece nos créditos finais, cantando ‘Deixa Eu Dizer’. Eu me apaixonei por aquela voz maravilhosa. Passei a comprar todos os discos disponíveis e a pesquisar sobre a vida dela, sobre os problemas que teve com Elis Regina”, relata Duarte.

Um boato do letrista Ronaldo Bôscoli, de que Claudya faria um espetáculo chamado “Quem Tem Medo de Elis Regina?”, desencadeou um boicote que durou décadas e atrapalhou a carreira desta “quase mineira”, como ela mesma se apresenta à reportagem.

“Nasci no Rio de Janeiro, mas aos 9 anos eu fui para Juiz de Fora, onde fiquei oito anos. Foi lá que iniciei a minha carreira, nas rádios e nos clubes da cidade. Tenho muito amor por Minas Gerais”, registra a cantora, hoje com 72 anos de idade.

Em Juiz de Fora, ela foi crooner dos bailes e cantava de tudo, de bolero à xaxado. “Isso me deu uma desenvoltura muito grande, vivendo a música em sua plenitude. Quando cheguei a São Paulo, aos 17 anos, eu já estava pronta”, recorda.LUCAS PRATES / N/A

Matusalém Duarte coleciona discos da cantora que descobriu após ouvir uma “voz maravilhosa” nos créditos finais de um documentário sobre o poder da mídia


Briga
Bem-recebida na capital paulista, logo entrou no programa “O Fino da Bossa”, apresentado por Jair Rodrigues e Elis Regina. Foi aí que os problemas começaram. Hoje acredita que o caso foi uma forma de aumentar a audiência, já que a Jovem Guarda começava a ofuscar o movimento.

“Estava apenas começando a carreira e isso me atrapalhou muito. Poderia ter gravado mais, feito mais shows e muito mais do que eu fiz”, lamenta Claudya, que lançou 20 discos, alguns deles no Japão, onde ganhou um fã-clube especial após fazer um comercial para a Toyota.

Apesar de algumas portas fechadas no Brasil, ela emplacou alguns sucessos, como “Deixa Eu Dizer”, “Jesus Cristo” e “Não Confie em Ninguém com Mais de 30 Anos”. Outro ponto alto foi quando protagonizou Evita Perón num musical. 

“Foi um divisor de águas, dando-me uma grande vivência teatral, chegando a concorrer como atriz no prêmio Molière”, lembra. São fatos que estão presentes na biografia recém-lançada “O que Não me Canso de Lembrar”, do mineiro Daniel Saraiva e do paulista Ricardo Santiago.

O episódio com Elis é um dos mais marcantes do livro. Quando o boato já havia se espalhado, a Pimentinha a chamou para o palco de forma truculenta, perguntando se iria fazer um espetáculo contra ela. Por mais que tenha desmentido, foi vaiada por cinco minutos pela plateia.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por