Aos 70 anos, eles dão um show de maturidade e criatividade

Elemara Duarte - Hoje em Dia
11/05/2014 às 12:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:32
 (Casa da Palavra)

(Casa da Palavra)

Os 70 anos não são um limite criativo para a professora de cinema e ficcionista capixaba Bernadette Lyra. Aos 75, “assumidos com todo prazer”, ela leva às livrarias o romance “A Capitoa”, pela editora Casa da Palavra. Com semelhante empenho, o psicólogo, educador e consultor mineiro Antônio Walter de Andrade Nascimento, 77 anos, lança a coletânea “A Educação Necessária” (à venda no site www.editorabarauna.com.br) e prepara mais dois livros: sobre educação e sobre a felicidade – seus maiores patrimônios.    “Minhas rugas, o cabelinho branco... É tudo bem vivido, não faço questão de outra coisa”, orgulha-se Bernadette. Como se olhasse para um espelho na sua literatura, a escritora se volta aos perfis de grandes mulheres, à frente do tempo.    A “capitoa” em questão, ou melhor, Luiza de Grimaud, uma das primeiras mulheres a comandar um estado brasileiro, no caso, o território do nosso tímido vizinho, o Espírito Santo.   A pioneira   Luiza governou entre os anos 1589 e 1593, mas quase não há informações sobre ela. “Existem dados sobre o marido. É um esquecimento injusto”, constata Bernadette. Nascida na França, Luiza veio para a “terra de Cabral” depois de se casar. Juntamente com o marido, herdou a capitania na região do Espírito Santo. Na saia justa de deixar o conforto do Velho Mundo, os dois vieram para o Brasil. Aqui, ele morre. E o abacaxi tropical fica por conta da “madame”.   O livro mescla realidade e um tipo de ficção muito bem intuída por Bernadette, dividida em capítulos curtos.   Luiza aparece na história ao lado de Ana e Antônia – mãe e amante do marido.   Luiza sofre por não ter filhos. Mas como a autoria soube que, de fato, ela teria sofrido tudo isso? “A história oficial não registra a angústia das mulheres. Imaginei o que ela deve ter passado”, deduz a professora, que antes de terminar a divulgação do lançamento, já se debruça sobre a escrita de outros livros. “Escrevo sobre uma escrava fugida que se tornou chefe de um quilombo no Brasil”, adianta, sobre um dos projetos.   Mestre   Neste embalo, depois de mais de meio século como educador e 21 livros publicados, Antônio Walter de Andrade Nascimento prepara mais duas publicações. Com um título bem irônico, “Como Ser Infeliz e Cultivar a Infelicidade”, nas livrarias até o final deste ano, fala da busca deste tal “êxtase”. Já “ABC da Comunicação”, voltado para o meio organizacional, é resultado da experiência em consultoria.   A coletânea citada no início traz artigos sobre educação publicados na imprensa durante 30 anos. “A educação humanística nas escolas acabou. É preciso ensinar como se usa a técnica com o humanismo”.   Para entender as mudanças de outro ponto de vista, recentemente, o professor voltou a ser aluno e ingressou em um MBA. “Era o aluno mais velho, disparado”, diverte-se. Da academia, de onde trouxe mais um “canudo” para o currículo, ele saiu confirmando mais uma de suas nobres e embasadas certezas: “A questão humanística ajuda a tecnologia e torna o aluno seguro de si”.   ‘Violonista palestino’, prepara show nos 70   O violonista Karim Serihal completa 50 anos de apresentações junto ao seu violão e avisa: não quer parar de tocar. Ele prepara-se para entrar também na casa dos 70, mas em setembro, quando fará show em BH para celebrar as datas.   A primeira vez que subiu ao palco foi na Praça da Liberdade. Depois disso, tocou em vários redutos intelectuais da Zona Sul, como o restaurante Chez Bastião. “Roberto Drummond chamava-me de violonista palestino”, lembra-se o artista, filho de sírios, sobre um dos habitués nas plateias.    Agora, Karim faz quatro shows mensais, apenas em pequenos espaços, com o repertório intitulado “De Noel a Vinicius”. Fôlego que não acaba para quem não cansa de afirmar: “A música é o sentido da minha vida”.    Celebridades mantêm ritmo de trabalho, mesmo na casa dos 70   Carlos Alberto de Nóbrega, 78 anos: Apresentador de TV, humorista e roteirista, comanda o programa “A Praça é Nossa”, no SBT.   Mauricio de Sousa, 78 anos: Cartunista comanda empresa da família e cria personagens para a Turma da Mônica, a mais famosa dos quadrinhos brasileiros.   Lucinha Araújo, 77 anos: Está à frente da Sociedade Viva Cazuza, no Rio de Janeiro, que abriga crianças portadoras do HIV, desde a morte do filho, o músico Cazuza.   Plácido Domingo, 73 anos: Tenor e maestro espanhol. Vem se reinventando e passa a interpretar papéis para o timbre de barítono, como em “Nabucco”, de Verdi.   Eduardo Suplicy, 72 anos: Economista e professor, com diversos mandatos políticos. Atualmente é senador.    Milton Nascimento, 71 anos: O músico ainda compõe e faz shows por todo mundo. No ano passado, completou 50 anos de carreira.

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