Aos 80 anos, Tarcísio Meira volta aos palcos em 'O Camareiro'

Viviane Moreno - Hoje em Dia
18/03/2016 às 08:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:51

Um homem alto, com idade avançada, mas ainda bonito, com uma figura imponente, que dedicou uma vida inteira à arte de interpretar. Diante dessas características do personagem Sir, de “O Camareiro”, o nome de Tarcísio Meira foi logo cogitado para a montagem, que chega neste fim de semana a Belo Horizonte, marcando a volta aos palcos do ator octogenário, após hiato de 20 anos.

Mas se a escolha foi natural e logo aplaudida por público e crítica, o “sim” não foi imediato. “Quando fiz o convite, Tarcísio não aceitou de cara, ele temia que ficasse devendo para esse personagem, que requer uma entrega física e emocional muito grande. Óbvio que nem eu nem o (diretor) Ulysses Cruz concordamos. Mas acho bonito um ator ter dúvidas mesmo com toda experiência e 60 anos de carreira”, diz Kiko Mascarenhas, idealizador do projeto, que estreou em setembro passado e já soma prêmios e 20 mil expectadores.

Fiel escudeiro

No palco, Kiko dá vida a Norman, dedicado camareiro de Sir, um ator senil e com a saúde debilitada, que luta para interpretar mais uma vez o Rei Lear de Shakespeare. “Norman é um personagem encantador. É um cara que está a serviço desse ator, que faz de tudo para que ele esteja pronto para entrar em cena. Eles têm um compromisso muito grande com o que está acontecendo ali”, pontua Kiko, acrescentando que outros personagens entram em cena colocando-os em xeque.

"A diretora de palco, personagem de Analu Prestes, é pragmática, é aquela que diz que esperança é uma doença. Lara Córdula faz Milady, mulher de Sir. Ela está exausta, não tem aquela vocação, quer que seja a última apresentação, que ele desista. São forças opositoras que os dois enfrentam. Já Karen Coelho vive uma atriz figurante, que tem a chama do teatro, que quer fazer”, exemplifica. Silvio Matos e Ravel Cabral completam o elenco.

Texto atual

Kiko observa que o texto do britânico Ronald Harwood tem o teatro e a Segunda Guerra como pano de fundo, mas vai além. “As pessoas lutam por sua sobrevivência, os artistas por sua arte, aquela companhia por fazer aquela peça. É um discurso muito contemporâneo, com pessoas lutando em um mundo destruído, mas com muita esperança”, diz Kiko, que atualmente está no ar em “Mr Brau” e no especial “Escolinha do Professor Raimundo”, além de ter projeto de cinema no segundo semestre. “Não consigo dizer não para nada”.

Serviço: “O Camareiro” – Sábado (19), às 20h, e domingo, às 19h, Grande Teatro Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537). Plateias I e II: R$ 90 e R$ 45 (meia). Balcão: R$50 e R$25 (meia)

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