Após tragédia em Brumadinho, Inhotim sofre grande queda de visitação e receita

Paulo Henrique Silva
25/03/2019 às 19:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:57
 (DANIELA PAOLIELO/DIVULGAÇÃO)

(DANIELA PAOLIELO/DIVULGAÇÃO)

A distância entre o museu Inhotim e o Córrego do Feijão, onde aconteceu o rompimento de uma barragem de minério da Vale, em 25 de janeiro, é de 18 quilômetros. A lama de rejeitos não atingiu um dos mais importantes museus de arte contemporânea do mundo e um dos principais destinos turísticos país, mas o impacto da tragédia acertou em cheio a imagem de um espaço que é sinônimo de Brumadinho.

Antes de a estrutura se romper e matar 214 pessoas, a média de visitantes em Inhotim, num dia de sábado, que é o de maior movimento, era de 3 mil pessoas. Hoje, dois meses depois de a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte virar manchete mundial devido ao desastre, este número não passa de 300, uma queda de 90%, de acordo com o prefeito Avimar de Melo. “Inhotim tem que ser indenizado, se não quebra”, registra.

O museu, assim como todo o comércio da região, deverá receber uma compensação financeira da empresa mineradora – valores ainda não foram divulgados. Outra ação da Vale, em fase de negociação, segundo o prefeito, envolve propaganda na mídia, especialmente na TV, convidando as pessoas a visitarem o museu. A ideia é que artistas de renome sejam os protagonistas destas veiculações. 

Campanha

Outro caminho será a promoção de uma extensa programação cultural para ajudar a reverter a imagem negativa de que o museu “estaria embaixo de toda aquela lama”, de acordo com Antonio Grassi, diretor executivo do Instituto Inhotim. “De fato, a queda foi muito grande na visitação e estamos trabalhando para recompor essa história. Faremos campanhas mostrando que Inhotim está funcionando plenamente”. 

A situação também preocupa a Secretaria de Cultura de Minas Gerais, que, após a reforma administrativa, abrigará a pasta de turismo, área muito afetada pela tragédia em Brumadinho. “A principal perda que a gente tem, fora as vidas, é da imagem de Minas Gerais para fora dele”, observa Michele Arroyo, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).

“Essa é uma questão muito delicada e complexa, porque a gente não pode, com a diversidade cultural que temos, deixar que a identidade do Estado se torne este panorama que assistimos em Mariana e agora em Brumadinho. Um trabalho exaustivo e importante que terá que ser feito para reverter isso”, lamenta Michele.

A gestora conta com aquilo que chama de “poder de renovação” do lugar, aproveitando “a centralidade mundial que Inhotim tem”. Para Michele, o desafio será trazer Inhotim como ativo importante de Brumadinho, “para, com a sua força, achar um caminho de recuperação econômica”. 

Grassi tem visão semelhante: “A melhor maneira de ajudar a cidade é visitando Inhotim. Com ele vivo vamos movimentar a economia local”.

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