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Alvo de vários filmes e livro, a vida de Freud também foi parar no universo das HQs. O "pai da psicanálise" é o mote do recém-lançado "Freud" ("Freud: Une Biographie Dessinée, Quadrinhos na Cia, 56 páginas, R$ 34,50), que acopla o texto de Corinne Maier às ilustrações de Anne Simon.
A obra segue a vida do austríaco de forma praticamente cronológica, ainda que a infância seja propositadamente menosprezada para dar espaço ao plano profissional. Já no início, o leitor repara na particular atenção dada a estudos pioneiros como o elaborado sobre a cocaína, substância desconhecida na época (segunda metade do século 19). Ou ao encontro com Charcot, neurologista signatário da hipnose, em 1885.
O contato com o professor Brever marca, na vida de Freud, as primeiras sessões com o divã e sua "perseguição ao inconsciente", o qual poderia ser acessado através dos sonhos. Ou dos atos falhos... "Se soubermos escutar, fica claro", diz um dos quadrinhos.
A reação a ideias tão avançadas para a época (na verdade, até hoje os ataques reverberam) também encontra eco na obra, assim como alguns dos desdobramentos de seus estudos (o complexo de Édipo, a pulsão pela morte) e momentos de sua vida, como a amizade com Jung (mais tarde, como se sabe, viraram desafetos).
Elemento humor
O humor é um elemento intrínseco ao texto de Corinne e ao trabalho de Anne. No início de sua busca pelo inconsciente, vemos Freud com um puçá, aquela rede de caçar borboletas. Já o desapontamento gerado pela comida oferecida nos EUA é ilustrado com o desdém ante a visão de um combo daqueles que fazem as grandes redes de lanchonete encher os bolsos nos dias atuais. E tem, ainda, Freud mandando Jung ver se ele está na esquina. De leitura fácil e despretensiosa, "Freud" é uma boa porta de entrada a um universo que ainda hoje gera controvérsias.