Após hiato de 15 anos, Tribalistas lançam novo álbum e tropeça na mesmice

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 18:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:16
 (Divulgação)

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Na calada, com ares de mistério, foi anunciada a volta dos Tribalistas. O burburinho que já corria nas redes se confirmou no dia 10 de agosto, quando foram reveladas quatro faixas do novo álbum, homônimo, liberado na íntegra na última sexta-feira. Com dez músicas inéditas, “Tribalistas” é um flashback menos inspirado de 2002, quando o projeto de Marisa Montes, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown lançou o disco de estreia (também homônimo). Porém, se à época o debut acertou ao jogar no mundo hits pegajosos que marcaram uma geração, como “Já Sei Namorar”, “Velha Infância” e “Carnavália”, agora o novo trabalho tropeça ao tentar repetir o feito com fórmulas manjadas e temas batidos.

O disco abre com “Diáspora”, que versa sobre o drama dos refugiados. A sonoridade lo-fi, cadenciada e menos solar que o comum, dá a impressão de novidade. Mas logo vem “Um Só”, feliz demais e com rimas fáceis, tal qual 2002, mas sem o brilho e o frescor da época. Uma letra ingênua, que clama por uma união pueril em tempos de complexas polaridades.

Já “Fora da Memória” é uma acertada surpresa, com linha vocal inspirada de Marisa e Arnaldo. Mas o tropeço volta na love song “Aliança”, que não atrai nem pelo som e–principalmente– nem pela letra. Afinal, falar, em 2017, de um amor datado e idealizado, de “véu e grinalda”, parece um certo descompasso com os tempos atuais, em que são latentes as desconstruções sociais e a ressignificação do modus operandi das relações.

Por sorte, pinta um contraponto: a ritmada “Tribalivre”, que questiona o fluxo de trabalho excessivo que sufoca sonhos e angustia corações na contemporaneidade. Aí, sim, dá a impressão de que o trio está antenado à atualidade, inclusive pelos acertados elementos eletrônicos.

Chegam, então, na sequência, as cansativas “Baião do Mundo”, “Ânima” e “Feliz e Saudável” (que recupera, pelo arranjo criativo, um pouco da vontade de seguir a audição). Depois, “Lutar e Vencer” aparece trazendo um discurso contestatório interessante, mas com um suporte sonoro que também não convence. Para fechar, vem a derradeira “Peixinhos”, com participação da fadista portuguesa Carminho, música forte e bonita, mas sem luz própria.

Mesmo com participações da nova geração, como Brás Antunes (filho de Arnaldo) e Pedro Baby (filho de Baby do Brasil e Pepeu Gomes), “Tribalistas” empaca no mais do mesmo. Se por um lado o trio finca o pé na assinatura, por outro explana uma previsibilidade frustrante para quem espera pelo novo.

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