Após polêmicas, Kanye West volta com álbum intimista

Agence France-Presse
01/06/2018 às 15:32.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:23
 (Hoje em Dia)

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Alguns dias depois da última polêmica sobre seu apoio a Donald Trump e de uma declaração ambígua sobre a escravidão, Kanye West volta com um novo álbum no qual aborda a atualidade, mas também seus demônios e suas angústias.

O rapper apresentou na noite de quinta-feira (31) seu oitavo disco de estúdio a um grupo de poucas centenas de pessoas em frente a um hangar em Jackson Hole, Wyoming, onde fez a gravação.

"O hip-hop é a primeira forma artística criada por homens negros livres", declarou o ator de comédia Chris Rock ao apresentar o trabalho. "E nenhum negro se beneficiou mais desta liberdade do que Kanye West", que não falou, conformando-se em fazer seu trabalho de ser ouvido pelos presentes.

Quase um mês depois de desafiar as manchetes com uma série de tuítes e uma entrevista polêmica, o músico de Chicago obviamente queria deixar que suas canções falassem por ele.

No final de abril, Kanye West declarou em um tuíte o seu amor por seu "irmão" Donald Trump, posando com um boné com a frase "Make America Great Again", lema da campanha do magnata imobiliário, e reivindicando sua liberdade de expressão e opinião.

Alguns dias mais tarde, se referiu à escravidão como uma "escolha" para os negros, o que provocou um alvoroço ainda mais do que o gerado por sua declaração sobre Trump.

Kanye Weast repassa este episódio em uma das sete músicas do álbum, "Wouldn't Leave", evocando as reações indignadas que se seguiram aos seus comentários.

"Só imagine se eles me pegam em um dia de loucura", diz em tom desafiador, enquanto elogia a reação de sua esposa, a estrela de reality-shows Kim Kardashian West. 

"Disse a ela que poderia me deixar", afirma, "mas ela não quis ir". 

Maturidade 

Outros títulos estão relacionados com temas polêmicos da atualidade, como "Yikes", no qual faz referência ao movimento contra o assédio e abuso sexual #MeToo e ao produtor de hip-hop Russell Simmons, acusado de estupro por várias mulheres. 

Em "All Mine", Kanye West menciona a estrela do cinema pornô Stormy Daniels, que diz ter tido uma relação com Donald Trump, e cuja letra fala do adultério, mas sem mencionar o nome do presidente dos Estados Unidos.

Mas o essencial de "Ye", título do álbum, está na propensão do rapper à introspecção, um traço que faz parte do seu sucesso. 

O disco tem um DNA similar ao de seus anteriores, mas com um tom mais íntimo, sem a inspiração épica e a complexidade que fizeram de vários álbuns de Kanye West referências do rap. 

"Ye", um dos apelidos do músico, fala em boa medida da depressão na qual caiu no fim de 2016, e dos demônios que encontrou lá, mencionando inclusive o suicídio em "I Thought About Killing You". 

Também aborda o assunto da maturidade neste álbum melódico, com os coros que tanto lhe agradam e famosos convidados como John Legend e Nicki Minaj, entre outros.  

West, que completa 41 anos em 8 de junho, descreve a evolução de sua visão das mulheres, que agora vê como "algo a nutrir, não algo a conquistar". 

Assista ao vídeo:

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