A magia do circo que habita a alma de cada um de nós

Pedro Arthur - Hoje em Dia
10/10/2014 às 08:08.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:33
 (Rolando Almeida)

(Rolando Almeida)

O circo mexeu com a alma de poeta – e de menino – do escritor Antônio Barreto. Não por acaso, ele se lança – seduzido – à sua mais nova aventura literária com o lançamento do livro “A Noite É um Circo Sem Lona”, neste sábado (11), na Livraria Quixote. A obra – da Editora RHJ – chega às livrarias ao preço de R$ 33.

As memórias do circo – que conheceu na infância, em Passos – ele transporta, em forma de poesia, para esse Brasil afora. Dá asas à imaginação e também a um tempo que não volta mais. “A nossa própria vida de ser humano já é um grande espetáculo circense. Um dia é uma tragédia; noutro uma comédia. Um dia rimos de todos os palhaços que nos cercam e um dia nós mesmos somos os palhaços. Tem um lado bom e um lado ruim. Essa imagem da falta de lona, da noite que nos encobre, esse drama da humanidade com tanta miséria, violência, guerra”, enfatiza. E faz essa “brincadeira” em perguntas e respostas entre os personagens – trapezistas, palhaço, acrobata, engolidor de espada, entre outros, que somos todos nós, em nosso dia a dia.

Antônio Barreto é, em sua poesia, como em outros textos, sutil. Não diz diretamente, deixa no ar. Então o circo pode ser também, e às vezes é, a metáfora de nosso próprio país. “Há uma vontade de, ‘entre aspas’, metaforicamente, fazer essa conexão com esse circo que é a política, a corrupção”, explica.

O poeta precisou mexer na memória para criar essa poesia sensível e criativa. Como já assinalado, foi na infância e na adolescência que a magia circense o contaminou. Foi quando conheceu, por exemplo, o “Circo Nacional de Moscou” e a trapezista “russa” Yelena Catherina Kamienska, que virou sua paixão. “Todo circo que chegava em minha cidade era armado ao lado de minha casa. Meu pai tinha esse terreno, que cedia aos circos”.

E a família ganhava a “permanente” (ingressos para acompanhar os espetáculos). Lá vi essa trapezista e me apaixonei. A gente conversava, ela em russo e eu em português. Depois descobri que era um circo pirata, não tinha nenhum russo. Porque o verdadeiro Circo de Moscou nunca veio ao Brasil”, diz. E da poesia essa história pode, mais tarde, seguir direto para um romance, projeta Barreto.

Consagrado tanto no romance quanto no conto, Barreto conta que o processo de transição para a poesia foi natural. “Faço muita coisa ao mesmo tempo. E quando estou escrevendo um romance e fico embananado num capítulo, passo para um poema ou um conto, me desligo da primeira criação. Descanso e, quando volto, descubro o que faltava”, explica. 

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