Artistas do Cura começam a pintar as laterais de edifícios da praça Raul Soares nesta quinta

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
21/10/2021 às 11:45.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:06
 (BRUNO GOMES/DIVULGAÇÃO)

(BRUNO GOMES/DIVULGAÇÃO)

Kassia Rare Karaja Hunikuin com o Coletivo Mahku, do Acre, e o grafiteiro mineiro Ed-Mun começam a dar cores, nesta quinta (21), a duas empenas ao redor da Praça Raul Soares, em Belo Horizonte, marcando o início da 6ª edição do CURA - Circuito Urbano de Arte, um dos mais importantes festivais do gênero no país.

Após cinco edições dedicadas ao hipercentro da capital mineira, onde 14 fachadas e empenas se transformaram em obras de artes, a organização apostou num território novo, que possui uma rica história relacionada aos povos indígenas. 

É uma característica que a torna única na cidade: seu piso com grafismos marajoara. O povo marajoara, formado por grupos indígenas nômades, é considerado extinto, mas segue viva a cultura entre descendentes. A arte marajoara na praça nos convida à reflexão nestes tempos de morte e renascimento.

No centro da praça está a fonte, cujo contorno nos remete à imagem da Chakana, a cruz Inca, povo originário do Peru, país onde fica a nascente do rio Amazonas. Ela possui doze pontos, cada um dos quais divididos em terços que representam três mundos: o mundo inferior, que é o mundo dos mortos; o mundo que vivemos, que é o mundo dos vivos; e o mundo superior, que é o mundo dos espíritos. Ao ler os signos deste novo território, compreendemos ainda mais o que guiou a curadoria desta edição.

Kassia Rare e o coletivo Mahku comandará a transformação do edifício Levy, enquanto Ed-Mun ficará responsável pelo Paula Ferreira. Haverá uma terceira empena que será pintada pelo vencedor da convocatória pública.

Mahku é um coletivo de artistas indígenas da etnia Huni Kuin do Alto Rio Jordão no Acre. O movimento, que foi criado em 2013 por Ibã Huni Kuin (Isaias Sales) e, desde a sua criação, tem participado de várias exposições no Brasil e exterior, retratando a história Huni Kuin, sua língua e a miração guiada pela Ayahuasca. Com o objetivo de proteger a cultura e a floresta, o coletivo tem arrecadado fundos para a compra de mata virgem com a venda de suas obras, que figuram em diversos acervos como no MASP, Pinacoteca de São Paulo, MAM, Instituto Moreira Sales, Fundação Cartier, Universidade Federal do Amazonas, Universidade Federal de Uberlândia dentre outros.

Ed-Mun é um graffiti writer e professor de Belo Horizonte que pinta desde 1997. Realiza trabalhos pelo Brasil e países da América Latina, América do Norte, Europa e Estados Unidos, onde frequentemente expõe em museus e festivais. Fundou uma das crews mais importantes da América Latina, a PDF Crew, e também faz parte da DMC Rock, formada em 1982 em Madri/ES e o grupo FX Crew formado em 1992 em Nova York, um dos grupos de graffiti mais importantes do mundo. Expôs em galerias na Rússia e Bulgária e é representado pela galeria Aurum em Bangkok/Tailândia. Seus trabalhos estão em revistas e outras mídias espalhadas pelo mundo, como no livro espanhol “Graffiti Around The World''.

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