Ascensão de Hitler tornou cinema alemão um monopólio do Estado

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
30/01/2013 às 16:07.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:29
 (John Macdougall/AFP)

(John Macdougall/AFP)

Um dos piores capítulos da História da humanidade teve início há exatos 80 anos, quando Adolf Hitler prestou juramento oficial como Chanceler alemão, na Câmara do Reichstag, ante milhares de simpatizantes nazistas. Para lembrar a data, ontem, em Berlim, em frente ao portão de Brandenburgo, foi aberta uma mostra com fotos de personalidades que foram afetadas pela política do nazismo e do horror.

Vale lembrar que, no poder, o ex-cabo austríaco e líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães usou a cultura, em especial o cinema, para disseminar a ideologia nazista de purificação da raça ariana, perseguindo judeus e outras minorias.

Sob o comando de Goebbels, a produção cinematográfica se transformou numa grande máquina de propaganda. “Paulatinamente eliminaram as produtoras que não colaboravam com o regime até sobrarem três nacionalistas – Terra, Bavária e UFA. Depois as três foram unificadas na UFA, fazendo do cinema monopólio do Estado”, observa o professor Luiz Nazario.

Autor de tese de doutorado sobre a filmografia nazista, defendida em 1994 na Universidade de São Paulo (USP), e que agora ganha a forma de livro, Nazario destaca que foram produzidos 1.230 longas de ficção até 1945, quando os Aliados venceram a Alemanha na 2ª Guerra Mundial.


Todos os gêneros

“Foram produzidos dramas, policiais, melodramas e comédias, seguindo o modelo de Hollywood, com divisão de gênero e star system. Os filmes embutiam nos personagens os valores do nazismo, com uma moral diferente”, analisa Nazario, que passou três anos na Alemanha assistindo a filmes.

E registra que os mocinhos eram soldados, engenheiros e médicos. Já os vilões, representados por banqueiros, financistas e chantagistas, algo que indiretamente ligava aos judeus. “As tramas giravam em torno de joias roubadas e dinheiro falsificado. A imagem do fuhrer era vinculada ao chefe que sabe tudo e manda em tudo”, salienta. l

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