Assinando o texto e a concepção, Inês Peixoto estreia 'Órfãs de Dinheiro'

Jéssica Malta
Publicado em 28/08/2019 às 08:52.Atualizado em 05/09/2021 às 20:12.
 (Tiago Pereira/Divulgação)
(Tiago Pereira/Divulgação)

Uma mulher explorada sexualmente desde criança, uma refugiada que luta para sobreviver com seu bebê e uma empregada doméstica sonhadora. A partir das histórias dessas três personagens, a atriz Inês Peixoto compõe o espetáculo “Órfãs de Dinheiro”, estreia de hoje no Palácio das Artes. Atriz e diretora belo-horizontina atualmente com espaço nas novelas globais, Peixoto é um dos principais nomes do Grupo Galpão. 

A montagem, primeiro monólogo dela, que neste ano completa 38 de carreira, é também a primeira empreitada autoral da artista, que assina a concepção e o texto da peça. “Queria muito trabalhar com a temática da mulher, então comecei e pesquisar lugares, acontecimentos e fui guardando coisas que me atravessavam, tanto da ficção quanto da realidade”. 

A ideia de entrelaçar trajetórias de personagens diferentes surgiu quando ela leu um livro de Paulo Moreira. “Tinha um capítulo que analisava três histórias de mulheres em situação de vulnerabilidade social em decorrência da impossibilidade de autos-sustentação”, lembra.

A partir daí, Inês começou a dar corpo ao texto da peça. Além da inspiração literária, teve como ponto de partida a figura de uma mulher em uma canoa, único cenário da montagem. 

“Essa imagem da mulher sozinha na embarcação acabou amarrando as três histórias. É uma metáfora que apresenta a travessia dessas personagens. Se formos parar pra pensar, existe um leque imenso de travessias pelas quais as mulheres tiveram que passar e que ainda precisam continuar passando”, diz, referindo-se à luta feminina. 

Inês discute urgências como a violência contra a mulher, a prostituição infantil, a imigração e a exploração no trabalho. As pautas são trabalhadas em um texto que flerta com a poesia e a fábula. 
Para o diretor, Eduardo Moreira, o tom dado ao espetáculo é certeiro, principalmente no “contexto atual do país”. 

“Às vezes o teatro fica em uma chave muito conceitual e é preciso trazer para esse lugar de tocar as pessoas pelo coração e a emoção. O mundo está precisando de poesia, porque ele está muito árduo, há muita ignorância e brutalidade”, afirma. 

SERVIÇO
“Órfãs de Dinheiro”, de hoje a sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia)

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