Atualizado pela crítica na temporada carioca, "Cássia Eller - O Musical" chega a BH

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
08/08/2014 às 08:20.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:42
 (Marcos Hermes)

(Marcos Hermes)

“Até pensei em recusar”, confessa Tacy de Campos, referindo-se ao convite para viver, nos palcos, Cássia Eller, cantora com a qual travou contato aos 15 anos de idade, por meio de um amigo. “Ele me mostrou um disco dela, e gostei do som”, diz a curitibana de 24 anos, que desde essa quinta-feira (7) encarna, em BH, a saudosa intérprete no espetáculo “Cássia Eller – o Musical”, que ocupa, até 1º de setembro, o palco do Centro Cultural Banco do Brasil, de sexta a segunda.

Bem, nessa quinta, a apresentação foi apenas para convidados. O público que acorrer a partir desta sexta-feira (8) enfrentou um certo tour de force para garantir o ingresso (já esgotados até dia 11), mas a convicção é de que sim, vai valer a pena.

Pelas críticas já conferidas a partir da temporada no Rio de Janeiro (também no CCBB), Tacy está perfeita no papel da cantora, morta precocemente, aos 39 anos, em dezembro de 2001. Mesmo Tacy frisando que nunca atuou como atriz antes. “Então, em Curitiba, eu me apresentava em bares. Tocava violão sozinha ou com banda”, diz ela, que transitava pelos universos do rock nacional, pop rock e MPB.

E se Tacy pensou em refutar a proposta, como a produção do musical, então, chegou ao seu nome? “Viram um vídeo meu na internet”, responde a moça, de bate-pronto. “Não fiz inscrição (para processos seletivos). A produção de elenco entrou em contato comigo e me chamou para um teste”, segue ela.

Tacy usa uma palavra meio em desuso para descrever como se sentiu ao saber da escolha: “encabulada”. Mas resolveu se arriscar. “E não me arrependo, ‘tô’ gostando muito de tudo o que ‘tá’ rolando”, diz, toda espontânea. Não que Tacy tenha ficado ainda mais fã de Eller. Desde que o tal amigo lhe aplicou o vozeirão, ela diz que sim, passou a ouvir, e muito, na adolescência, “assim como uma porção de bandas das quais sou fã, como Legião Urbana. O que aconteceu é que passei a respeitar mais”.

"Adoro quando o público entra no espírito", diz Tacy

“Sou fã de mainha”, dispara Tacy de Campos, referindo-se a Lan Lan, que assina a direção musical de “Cássia Eller – O Musical”. Sim, a mesma Lan Lan que acompanhou Cássia Eller nos palcos. “A ‘Lanchi’ é a mãe que eu pude escolher. Uma pessoa incrível, maravilhosa, amiga, artista da porra... sou fã!!!”, diz a moça, caprichando nas exclamações e acrescentando que, bem, também existe um “painho” nesta história. “O Fernando Nunes”, ri, ao citar o nome do codiretor musical (e ex-baixista da banda de Cássia Eller).

O roteiro inclui desde uma criação autoral lado B, como “Flor do Sol”, até canções que ficaram imortalizadas por ela, como “Malandragem” (Cazuza/Frejat), “Socorro” (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz) e “Por Enquanto” (Renato Russo). Nando Reis, que é também personagem do espetáculo, se faz presente com composições como “All Star”, “O Segundo Sol”, “Relicário”, “Luz dos Olhos” e “E.C.T”’, entre outras.

O público ainda vai ouvir “Come Together” (Lennon/McCartney), “Nós” (Tião Carvalho), “Non, Je Ne Regrette Rien” (Michel Vaucaire e Charles Dumont, imortalizada na voz de Edith Piaf) e “Soy Gitano” (J.Monje/José Fernandez Torres/Vicente Amigo).

Aliás, desafiada a citar as músicas cantadas por Eller de sua predileção, ela crava justamente “Soy Gitano”, além de “Aquele Grandão”, “que nem está na peça”.

No geral, Tacy diz adorar os momentos em que o público “entra no espírito das brincadeiras e ri junto com a gente”. “E gosto quando cantam junto também”.

Mosaico

O texto de Patrícia Andrade localiza Cássia ainda antes do início da carreira e acompanha toda a sua trajetória musical, sem deixar de lado seus amores, em especial Maria Eugênia, a companheira com quem criou o filho,
Chicão. Cumpre dizer que a autora teve o aval de familiares e amigos, que a ajudaram a construir um mosaico sobre a história da cantora.

O elenco traz, ainda, Eline Porto, Emerson Espíndola, Evelyn Castro, Jana Figarella e Thainá Gallo. Já a banda é formada por Felipe Caneca (pianista), Pedro Coelho (baixista), Diogo Viola (guitarrista), Mauricio Braga (baterista) e Fernando Caneca (violonista).

Os integrantes são filhos de músicos que estiveram com Cássia em vários momentos. Pedro Coelho é filho de Marcio Miranda, tecladista e produtor musical que gravou com ela.

Diogo Viola é filho de Toni Costa, guitarrista que também gravou com Cássia. Já Mauricio Braga estava assumindo a bateria da banda quando Eller faleceu.

“Cássia Eller – O Musical” – Até 1º/9, no CCBB (Praça da Liberdade, 450). Sextas e segundas, às 20h, sábados e domingos, às 19h. R$ 10 e R$ 5 (meia). 14 anos. Duração: 2h05. Informações: 3431-9400
 
Ator resolveu pedir bênção a Nando Reis
 
Emerson Espíndola não titubeou ao conhecer o cantor e compositor Nando Reis. “Pedi a bênção para fazer ele”, diz o catarinense (de Camboriú) de apenas 24 anos, que interpreta o “ruivão” no musical. E Nando? “Bem, ele disse: ‘está abençoado!’”.

O espetáculo, diz Espíndola, está sendo “uma explosão” em sua vida. “Todos os dias são inusitados, as pessoas choram, se divertem, riem... É uma beleza. Como artista, estar participando disso tudo é uma gigantesca honra”.

Não só. “A maior gratificação? Deixa eu ver... Acho que foi recebermos Rose (amiga de Cássia Eller), que foi ver o espetáculo no Rio. Ela conviveu com a Cássia e demais personagens por um período da vida dela... Quando terminou, veio, super emocionada, e disse que era assim mesmo. Que viver com a Cássia era viver rindo, viver ouvindo música boa. A beleza de um momento como esse é uma coisa imensurável”.

Antes de encarar o papel de Nando Reis, Emerson estava fazendo outra peça, “Neuróticos”, de Oscar Calixto. Ante o novo desafio, uma imersão fez-se necessária. “Vi vídeos, ouvi as músicas muitas vezes... Mas a maior ajuda mesmo, recebi do Fernando Nunes e da Lan Lan, músicos de longa data da Cássia e do Nando. O tempo todo, nos ensaios, recorri a eles, que me ajudaram generosamente”.

O simpático Emerson conta que ouvia o CD “Acústico MTV Cássia Eller” “parceladamente”. “Colocava a primeira faixa, a lindíssima ‘Je ne Regrette Rien’, e chorava. Ouvia umas 50 vezes. Depois era ‘Malandragem’ e assim em diante, até voltar a ‘Je ne Regrette’. Quanto a Nando Reis, sempre gostei de “Marvin”, sempre me emocionou muito. Ele é um baita de um poeta, um artista brilhante”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por