Auê no litoral faz quadrinista planejar volta ao Rio

Elemara Duarte - Hoje em Dia
02/02/2015 às 08:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:52
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Carioquei nada! Continuo muito mineiro”, deixa claro o quadrinista mais famoso das ruas de Belo Horizonte. Lacarmélio Alfeo de Araújo, o popular Celton, ganhou jornais e rádios do Rio de Janeiro desde que resolveu fazer uma espécie de “turnê” por lá, nas últimas semanas, para vender as revistas que ele mesmo desenha, edita e vende, daquele jeito chamativo de sempre, nos sinais de trânsito.   “Procura-se o autor de ‘O Combate da Sogra e o Capeta’. Você o conhece?”, dizia a nota na coluna de “O Globo”, que publicou a foto de Celton em uma ruela da capital fluminense. Mais de 500 leitores mandaram mensagens à redação dando pistas de quem era o artista.   Encontrado, Celton contou a própria história. Foi o que precisava para repórteres de rádios e sites o procurarem para outras entrevistas. Afinal, se aqui em Belo Horizonte ele chama a atenção, por que não aconteceria o mesmo em outra cidade?   Mas o que levou o mineiro a outras terras? O quadrinista justifica a investida devido ao período de férias e ao baixo movimento nos semáforos da capital mineira. A solução: ir aonde o público está.   E banho de mar, rolou? “Fui trabalhar”, avisa. “Tentei vender na praia, mas não deu certo. Engraçado que as mesmas pessoas que recusam na areia depois compram no sinal”, diz. Celton já fez incursões semelhantes a São Paulo, onde certamente não houve tanto auê.   34 anos de estrada   De 1981 para cá, Celton escreveu mais de 70 histórias em quadrinhos e vendeu 1 milhão de exemplares. A maior parte, como ambulante.   Na curta temporada de janeiro, 3 mil revistinhas foram parar nas mãos dos cariocas. Celton precisou acionar o serviço de entrega rápida para buscar mais exemplares em casa.   Com o acolhimento do público, da mídia e de quem mais passa por ele entre as mudanças nas cores do semáforo, Celton planeja fazer uma revista sobre a “origem do Rio de Janeiro”. Em quadrinhos, como se espera. “Blue” e barato   Mas vida de empreendedor não é só flores, mídia espontânea e vista para o mar. “O calor aqui (do Rio) é absurdo, e o custo de alimentação e até da água mineral, alto”. Celton também teve que descolar um lugar para ficar, em Niterói – o Hotel Azul, onde acabou se tornando “amigo do dono”.   As viagens diárias pela Ponte Rio-Niterói, de motocicleta, foram difíceis. “Quando o vento é muito forte, fica pesado para guiar. O pneu da moto parece estar furado”.   Sem falar no medo da violência. “Pensava no que via nos noticiários. Mas fui sentindo o carinho dos cariocas. Gente, como esse pessoal é bacana!”, elogiou, durante entrevista ao Hoje em Dia, na última semana, já de volta a Belo Horizonte.   A mudança de ares ainda exigiu planejamento, com uma estratégia específica para seduzir o leitor praiano. “Uma história minha como a da ‘Loira do Bonfim’ não vai vender no Rio”. Assim, o mineiro optou por levar títulos com assuntos mais genéricos, como a sogra, ou nacionais.   Nos planos, está carregar a moto novamente com revistas e mais uma vez partir para a “Cidade Maravilhosa”. “Vou voltar. De minuto em minuto, o sinal muda e o cliente chega”, avisa.

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