O fim do Ballet Jovem Palácio das Artes, um dos grupos profissionalizantes da Fundação Clóvis Salgado, agitou o meio artístico nesta quarta-feira (4). Pelo Facebook, bailarinos e artistas se disseram surpresos com a medida. “Nós, do Ballet Jovem Palácio das Artes, informamos que nesta manhã fomos pegos de surpresa ao receber a triste ...notícia que esse projeto de extrema importância na formação artística e de grande influência no quadro cultural e político da nossa cidade e país chega ao FIM. Isso por motivos que já estão em pauta há tempos em grupos e cias, não só da área da dança, mas teatro, música e afins”, diz nota publicada pelo perfil do Ballet Jovem no Facebook.

O grupo jovem lamenta o descaso das autoridades. “ Mais uma vez nos sentimos imensamente tristes diante do descaso quando se decepa o nosso direito de dar continuidade à nossa formação profissional em dança e ingresso no mercado de trabalho. As explicações são já conhecidas como falta de verba, falta de espaço, falta de apoio, entre outros”, critica o texto, lembrando ainda que o grupo, desde a fundação, em 2007, foi o responsável por facilitar o ingresso de bailarinos em grandes companhias no Brasil e no exterior, como o Balé da Cidade de São Paulo, Cia. de Diadema, Sesc Cia. de Dança, Balé Teatro Castro Alves, Quasar Cia. de Dança, Balé do Teatro Guaíra, Ballet Black (Londres), Baltic Dance Theater Opera Baltyca (Gdansk, Polônia), e a Cia. de Dança Palácio das Artes.

O bailarino Bruno Rodrigues, que está no grupo desde 2007, critica a visão mercantilista da nova gestão do Palácio das Artes. “A nova gestão não está pensando com a visão artística, mas como empresa”, diz. “É um projeto que deu certo ao longo desses anos e que vem dando visibilidade à fundação. Estou sem acreditar, é uma perda imensa”.

A comoção atingiu a todos os integrantes do balé – bailarinos, professores , diretores. É o caso de Patricia Pinheiro da Fonseca que trabalha há quatro anos no grupo como assistente de direção e professora de dança contemporânea do grupo. “A diretora artística (Andrea Maia) teve uma reunião ontem (na terça-feira) com o diretor do ensino de extensão e o presidente da fundação. E nessa reunião ela esperava apresentar o planejamento de 2015. Só que antes de ela apresentar, o presidente informou que iria acabar com o grupo jovem”, conta.

Segundo ela, a justificativa apresentada foi a dificuldade de captação de verba para este ano. “Mas na minha concepção poderiam diminuir os custos e continuar trabalhando, ainda com esperança de captação de recursos em vez de, simplesmente, acabar com o balé”, explica. O corpo do balé é formado por 30 bailarinos, sendo 16 bolsistas e 14 trainee. Os bolsistas, segundo Patricia Pinheiro, recebem uma ajuda de custo mensalmente de R$ 870.

Patrícia inisiste que a medida foi um erro da Fundação Clóvis Salgado. E aponta o motivo: “é o único grupo no Brasil que consegue exportar tantos bailarinos para as companhias profissionais. Geralmente quando um bailarino se forma numa escola de dança ainda falta um preparo técnico e emocional. Mas todos do balé jovem sairam empregados numa companhia profissional”, destaca.

REFORMULAÇÃO

Em nota divulgada à imprensa, a Fundação Clóvis Salgado informa que está sendo planejada uma profunda reformulação do ensino no Centro de Formação Artística – Cefar para as áreas atendidas – teatro, dança e música, como também será criado um novo programa de extensão curricular. Segundo o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, o Ballet Jovem Palácio das Artes é um projeto financiado por mecanismos de incentivo à cultura, a exemplo da Série Concertos no Parque, do FestCurtasBH e das temporadas de Óperas. “Infelizmente, apesar dos nossos esforços, não houve captação de recursos suficientes para a manutenção desse projeto”, assina a nota Augusto Nunes-Filho.

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