Bambolê volta a despertar o interesse de crianças... e de adutos também

Thais Oliveira - Hoje em Dia
15/06/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:29
 (Eugenio Moraes )

(Eugenio Moraes )

Ele fez parte da infância de muitos adultos e esteve no auge quando Carla Perez o usava na coreografia de uma das músicas mais conhecidas do É o Tchan, nos anos 90. O que, talvez, a maioria da população não saiba é que o artigo é antiguíssimo. Uma pintura que teria sido feita por volta de 500 a.C., exposta no Museu do Louvre, mostra Ganimedes – príncipe de Troia, da Mitologia Grega – com o aro, de origem egípcia. Difícil é imaginar que ele usava o bambolê para requebrar.

Sim, estamos falando desse “brinquedo” já quase esquecido no universo infantil, mas que voltou à moda há alguns anos em vários cantos do país. Em BH, porém, o uso ainda é tímido. Mas iniciativas como o “Bambobelô” prometem conquistar adeptos na cidade.

A “embaixadora” da ideia na capital mineira é a gastrônoma Rayani Ferreira, de 24 anos. “Sentia falta de fazer uma atividade na rua, que não fosse andar de bicicleta ou caminhar, por exemplo. Há dois meses, a minha prima me convidou para conhecer o movimento de bambolê do Rio de Janeiro, da qual ela faz parte. Me apaixonei e, então, resolvi promover os encontros aqui também”, conta a moça.

Artigo em extinção

Apesar do crescimento que o arco vem tomando pelo Brasil, por aqui ainda é raro encontrá-lo em lojas para venda. “Muitos pais vêm falar com a gente que brincavam de bambolê quando criança e que hoje encontram dificuldade de achá-lo para comprar para os filhos”.

Ela diz que, quando encontrado para comprar, o bambolê é daqueles mais finos e leves, que duram menos. “Do tipo mais profissional, mais resistente, nunca vi para a venda em grande escala em BH. A maioria é artesanal”.

Ao ar livre

Sem custo para os interessados, todo fim de semana a turma da Rayani se reúne na Praça da Liberdade para bambolear. Para entrar na “dança”, a moça diz que não tem pré-requisito, tampouco contraindicação – basta levar o bambolê. Rayani também disponibiliza o arco para empréstimo, aluguel e venda.

O próximo encontro do “Bambobelô” será neste domingo, 21, das 10 às 12h, perto do coreto. No dia 28, será realizado um aulão com a especialista Madara Luiza – prima da Rayani. Neste caso, os interessados em participar terão que desembolsar R$25 (adultos) e R$18 (crianças). A programação inclui alongamentos, dicas e truques para bambolear, além de um piquenique.

Escola de circo de BH ensina ‘bambodança’

 

MALABARISTA – Deborah consegue rodar o bambolêemposes quase inacreditáveis. Foto: Ricardo Bastos/Hoje em Dia

 

Outra iniciativa que vem trazendo fôlego para o bambolê é a da carioca Deborah Lisboa, 27 anos. Formada em Educação Física, ela desembarcou há cerca de cinco anos em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, para se especializar em circo. O que a moça não esperava é que, além de aprender a arte de ser palhaça e do malabarismo, se tornaria referência em dançar com bambolê.

“Nesta escola de circo, encontrei bambolês abandonados numa sala e ninguém parecia usá-los. Aquilo me chamou a atenção e, então, comecei a buscar informações sobre o assunto”, afirma.

Após concluir a especialização, Deborah resolveu vir para Belo Horizonte, onde montou a própria escola de circo, a “Vira Volta”. “E foi quando comecei também a promover encontros com bambolês em praças da cidade”, completa. A iniciativa da moça acabou despertando interesse em tantas pessoas, que impulsionou o curso de bambodança em sua empresa.

Interesse masculino

Segundo Deborah, as mulheres ainda são as que mais procuram pela aula, porém, engana-se quem pensa que bambolear não conquistou os homens. “As pessoas acima dos 20 anos são as que mais se encantam pela aula, porque, acredito eu, brincaram muito de bambolê nas décadas passadas. E é impressionante também a quantidade de homem que adora brincar de bambolê”, destaca Deborah.

O próximo passo dela será abrir uma escola de circo em Juiz de Fora e, claro, levar para lá também a arte de bambolear.

A multiartista carioca Silvia Machete usa bambolê para performances em shows

Cantora, compositora, performer, malabarista e trapezista. Não bastasse o currículo, Silvia Machete – assim como as famosas Beyoncé, Catherine Zeta-Jones, Liv Tyler, Kelly Osbourne e a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, que rodopiou nos jardins da Casa Branca – é também adepta do bambolê. E não estamos falando de qualquer praticante da arte, não. Ela dança, fuma e até faz bolhas de sabão girando o arco durante os seus shows.

“Na época em que trabalhei no circo, trocava truques incríveis com uma colega que se especializou em bambolê. Desde então, essa se tornou uma paixão minha”, conta Silvia, que possui nada menos que 100 bambolês.

Ela adotou o artigo há mais de 20 anos e já virou até professora no assunto. No fim do ano passado, reuniu, em Ipanema, interessados em aprender a girar o aro na cintura. “Quando fui morar na Austrália, reparei que todo mundo tinha um bambolê, coisa que não vemos tanto por aqui. Adoro, é a coisa mais divertida que existe. Costumo carregar os bambolês para todo lado e estou sempre ensinando as pessoas. É a minha paixão!”

 

PAIXÃO - Os números com o arco são os mais esperados pelo público de Silva (Foto: Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

Ponto a Ponto

A professora de bambodança e circense Deborah Lisboa ensina um passo a passo para arrasar no bambolê:

– Quem prefere girar o bambolê para o lado esquerdo, deve colocar a perna direita à frente

– Em seguida, faça movimentos circulares de quadril de frente para trás

– Outra opção é colocar as pernas lado a lado e afastadas

– Depois, é só começar a fazer movimentos circulares lateral-lateral

Tamanho ideal: escolha um bambolê que, quando colocado em pé, bata até a altura do seu umbigo

Dicas de ouro: Se durante a atividade o bambolê ameaçar a cair, o praticante deve agachar e se levantar rapidamente e voltar a fazer o movimento


Confira um dos números que Silvia Machete faz em seu show com bambolê:

 

Rayani Ferreira (blusa rosa) mostra habilidades com o bambolê:

 

Assista a cenas do filme "The Hudsucker Proxy" (1994). A trama é uma comédia que conta a história de um executivo que inventou o "hula hoop", conhecido por aqui como "bambolê":

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por