Bandas do tempo do Cabaré Mineiro, Mister Beef e Western House resistem

Thais Oliveira - Hoje em Dia
17/05/2015 às 09:17.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:03
 (Frederico Haikal / Hoje em Dia)

(Frederico Haikal / Hoje em Dia)

Se você já passou dos 30 e poucos anos, há de concordar que nada foi mais envolvente do que os hits das décadas de 60, 70, 80 e 90. Os mais novos também não escaparam, pois é provável que tenham na ponta da língua ao menos uma dúzia de repertórios dessa verdadeira época de ouro. E, para quem já está todo nostálgico, folgará em saber que bandas longevas fundadas aqui mesmo, em BH, continuam na ativa para rememorar os embalos do período. No entanto, apesar de ter sido uma época gloriosa, os músicos ouvidos pelo Hoje em Dia foram unânimes em afirmar que nunca conseguiram viver somente da arte. Entre os motivos, eles destacam, está o fechamento de casas como Cabaré Mineiro, Mr. Beef, Western House e tantas outras, que davam espaço a esses grupos. O que os fizeram, então, resistir por tanto tempo? O prazer em tocar “música boa”, dizem.     A Buick 90 é prova de que sempre haverá público para esse tipo de música. Tanto é que a banda acaba de voltar aos palcos após um hiato de 18 anos. “Voltei a tocar sozinho há um ano, mas, em todo lugar que eu ia, o pessoal pedia a volta da Buick”, conta o vocalista e guitarrista Cláudio Telles, 48 anos – o responsável por reativar o conjunto.   Da formação original, ficou apenas ele e o também vocalista Júlio César, o Popô, de 49 anos. O restante – seis, ao todo –, conta Telles, são novos no grupo, contudo, seus parceiros de longa data. Já o repertório, continua igualzinho. Há canções famosas dos anos 80 e 90, que vão desde o reggae de Bob Marley ao romantismo de Roberto Carlos, passando ainda pelo pop rock de Skank, Jota Quest, Titãs e uma galera que até hoje faz sucesso.

De acordo Cláudio, o fato de não mais quererem trabalhar apenas com a música também impulsionou o retorno da banda. “Passaram-se quase 20 anos desde que paramos e o cachê pago pelas casas continua sendo quase o mesmo (risos). Então, não dá para viver só disso. Estamos voltando com todo vapor porque todos já viveram tudo o que tinha para viver e têm outros trabalhos em paralelo”, afirma.   A agenda já está repleta de compromissos. Quem curte o estilo poderá matar a saudade ainda neste mês, no dia 29, na V8 Garage (av. Silviano Brandão, 1.891).         A dupla da Route 66 – o jornalista Augusto Pio e o violinista Leonardo Araújo – há 15 anos vem resgatando os sucessos internacionais dos anos 60 aos 90. “Trazemos músicas dos Beatles, Rolling Stones, Creedence, Genesis, Led Zeppelin, Pink Floyd e por aí vai... Essas bandas são muito conhecidas, então, o nosso público é variado, tem desde pessoas bem jovens aos mais antigos. Música boa não tem idade”, diz Augusto.   ‘Beatles é referência para todas as bandas do planeta’   O nome Hocus Pocus não foi eleito aleatoriamente. No século 17, a expressão dizia respeito a um encantamento feito por mágicos. E é magia que o grupo vem buscando trazer desde 1984. A banda, que começou como brincadeira entre amigos, se tornou um dos melhores covers dos Beatles no Brasil.
“Apenas as grandes bandas conseguiam viver da música porque vendiam muitos CDs naquela época. No nosso caso, não teve jeito de lançar nenhum álbum porque os direitos autorais dos Beatles são muito caros. Fizemos muitos shows, principalmente, nos anos 90, mas nunca deu para largar o trabalho (‘formal’)”, afirma o baterista Jô Andrade, que também é engenheiro.
De lá para cá, foram vários os que passaram pelo grupo, mas Jô e Walter Andrade (vocais e baixo), ambos de 62 anos, nunca penduraram as chuteiras. Há 7 anos, Beto Arreguy (guitarra), 49, e Sylvio Campos (guitarra e teclado), 28, se juntaram aos bons.
“Acredito que o nosso sucesso se deve pela escolha de tocar Beatles, porque a música deles é atemporal. Essa é uma banda que, em qualquer lugar do mundo, você encontra gente que quer comprar o disco – coisa que várias outras bandas de sucesso não têm. Os Beatles estão no mercado até hoje e é referência para todas as bandas do planeta”, destaca Jô.
Covers Diversificados   Supersom C&A - Desde 1987, com repertório, cenário, figurino e arranjos ao gosto do contratante (Foto: Supersom C&A / Divulgação)   Dezesseis pessoas no palco e outras dez por detrás das cortinas. É assim que, aos 28 anos, chega a Super Som C&A. Com uma pegada diferente das outras bandas, esta se firmou como atração de eventos comemorativos. “A festa sempre acaba com gosto de quero mais”, diz o músico Carlos Ribeiro Pimenta, um dos fundadores do grupo, que hoje atua como diretor.   Levando, especialmente, o que tocou nos anos 60, 70 e 80, o grupo traz covers diversos. Já os figurinos e a performance são um show à parte. “Vimos a necessidade de ter bailarinos e coisas diferentes, pois o nosso foco é a animação da festa. Fomos um dos primeiros no Brasil a trabalhar desta forma”, garante Pimenta.
  Ele destaca ainda a qualidade musical da Super Som C&A. Como exemplo, cita cantores que passaram pela banda como Fernando Augusto e Laura Wogan, que venceram o programa Raul Gil, e Humberto Diniz, campeão do “Ídolos” (SBT). “Mas outros foram chegando e renovando o grupo. Atualmente, temos clientes para até 2019 e muita lenha para queimar”, ressalta.   Boca de sino completa 28 anos de história cantando hits dos anos 60   Outra banda que tem muita história para contar é a Boca de Sino, afinal, há 28 anos o grupo vem embalando as noites dos belo-horizontinos. A maioria das canções, eles buscaram na década de 60, quando artistas nacionais e internacionais – entre eles, a Jovem Guarda, Beatles, Bee Gees, Elvis Presley – viraram tema para muitos apaixonados. Há 10 anos a banda mantém a mesma formação. O segredo da longevidade? “Não existiu crise na banda porque nunca pensamos em largar as nossas profissões para nos dedicarmos apenas à música. Como essa não era a nossa atividade principal, sempre tocamos apenas por prazer”, afirma a vocalista e, também jornalista, Mirtes Helena.    Apesar de terem ficado conhecidos na região na década de 90, a jornalista conta que a banda Boca de Sino não teve grandes pretensões. “Nunca pensamos em lançar discos e fazer música próprias”, diz. Conforme conta Mirtes, naquela época, quando estavam no auge, o grupo chegava a fazer cerca de três shows por semana. “Agora, tocamos uma vez por mês e costumamos fazer mais festas fechadas. Antigamente, fazíamos Réveillons no Cabaré Mineiro e nos apresentávamos com frequência na Western House e Mr. Beef, mas o fechamento dessas casas acabaram fechando o mercado para gente”, queixa-se.    Além dela, compõem o grupo o jornalista Sílvio Scalioni (contrabaixo), os professores Sinval Rocha (vocal) e Marcelo Lopes (teclados), o veterinário Renato Amado (bateria) e o funcionário público Sandro Oliveira (guitarra). “Os bares não comportam mais música ao vivo. Então, hoje, um cara sozinho faz um show, bastando apertar um botão, o que fica mais barato para os donos das casas. Mesmo assim, nós fizemos questão de manter a banda completa, com seis integrantes, para podermos fazer tudo ao vivo, com todos os riscos que isso implica”, finaliza.                              

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