Ben Stiller é um metódico Walter Mitty

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
20/12/2013 às 21:33.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:56
 (Divulgação)

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Parece que vem sendo uma regra em Hollywood: ator bem-sucedido no gênero cômico busca mostrar seu potencial dramático com personagens que transitam entre a realidade e a fantasia.

Em “A Vida Secreta de Walter Mitty”, uma das estreias de hoje nos cinemas, Ben Stiller segue caminho semelhante ao trilhado por Adam Sandler, Jim Carrey, Will Ferrell e Jack Black.

Stiller vive o personagem-título, chefe da seção de negativos da revista “Life” que está prestes a ser demitido. Ele é motivo de gozação por estar sempre mergulhado em seus próprios pensamentos.

Traumas

No mundo real, Mitty segue sua rotina, de maneira acomodada e reticente. Na imaginação, assume funções muito ativas, salvando pessoas, tomando ares de latin lover e enfrentando o patrão esnobe.

A origem dessa alternância tem fundo psicológico, carregando traumas de infância que são potencializados quando o passado volta à tona durante a mudança de casa da mãe (Shirley MacLaine) e da iminência de sair do emprego.

Em “Embriagado de Amor”, Sandler também tem uma mente perturbada devido a problemas de formação, após ser criado pelas irmãs, desenvolvendo um distúrbio de ansiedade – o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

Como Mitty, por ser solitário, ele não consegue se envolver amorosamente. A paixão é, em todos os casos, um gatilho importante para a mudança. É o que move, por exemplo, Ferrell em “Mais Estranho que a Ficção”.

Metódico e sem sal como o personagem de Stiller, Ferrell interpreta um auditor da Receita Federal (profissões aborrecidas são igualmente frequentes) que precisa sair da mesmice para não se transformar em mais uma história triste.

Veja o trailer egendado

 

 

 

Espanto

A narrativa é um elemento forte, invadindo a cabeça caótica de seu protagonista. Esse é o grande achado de “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”, em que Carrey luta contra sua mente para que não apaguem suas recordações.

Apesar de “A Vida Secreta de Walter Mitty” ser inspirado na produção homônima de 1947 (estrelada por Danny Kaye), o filme toma muitas liberdades, abraçando principalmente o tom que vai do melancólico ao bizarro presente nos trabalhos dos colegas comediantes de Stiller.

Há em seu personagem, como nos demais, um espanto pelos estranhos caminhos que a vida pode proporcionar e, ao mesmo tempo, a constatação de que o que nos apresenta como medíocre, devido a uma convenção da sociedade, pode ser brilhante.

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