Bibi Ferreira: 'A melhor voz brasileira é a da Ana Carolina. Deslumbrante, límpida'

Elemara Duarte - Hoje em Dia
11/08/2015 às 17:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:18
 (Hoje em Dia)

(Hoje em Dia)

Testemunha e participante de boa parte da história da música brasileira, e contou planos para o futuro:

Quais vozes de cantoras vivas você mais admira?
Eu acho que a melhor voz brasileira é a da Ana Carolina. Ela tem uma voz deslumbrante, perfeita, límpida, cristalina. Outra maravilhosa também é a Roberta Miranda, que tem um repertório muito bom e está constantemente trabalhando.

Sobre “Brasileiro, Profissão Esperança”, no qual você dirigiu a Clara Nunes. Que lembrança tem dela?
Este espetáculo foi feito para a Maysa Matarazzo, mas ela não pode fazer porque ela tinha um embarque para a Europa. Então, quem fez foi a Maria Bethânia e o Ítalo Rossi – isso, quando eram crianças, né? Depois, quem fez foi Paulo Gracindo com a Clara Nunes. Este bateu recorde no Teatro do Canecão, no Rio de Janeiro, ambos sob minha direção. Foram nove meses de casa cheia (1973). (No final dos anos 1990, foi a vez da própria Bibi encenar o musical ao lado de Gracindo Júnior).

Clara era uma pessoa simples, pura. Não teve sorte, por morrer tão jovem. Eu conheci duas pessoas na minha vida muito parecidas e completamente longe uma da outra. Uma era a Clara Nunes. A outra era Carmen Miranda. Parecidíssimas. Ambas muito simples. Ambas gostavam de comer sanduíche, queixo quente, milk shake… Ambas sem grandes instruções de faculdade, pessoas com estudo elementar. Ambas com dentes muito lindos. E ambas maravilhosamente amigas e muito amigas de minha mãe (a bailarina espanhola Aída Izquierdo). Chegaram a bater na minha porta também.

Então, no show desta turnê, você canta um rock?
Sim, mas não tem a ver com o Sinatra, mas tem a ver com o espetáculo. É “Rock Around the Clock”, sucesso do Elvis.

Bibi roqueira, heim?
É, roqueira! (Risos) “One, two, three o'clock, four o'clock rock,/ Five, six, seven o'clock, eight o'clock rock..” (Cantarola a música.)

Gente, mas você é roqueira, clássica, sertaneja, sambista... A versatilidade é algo que você sempre procurou?
Aaaah, acontece. É natural. (Risos) Calha… Bibi roqueira!

Encararia o desafio de levar este show para a terra de Frank Sinatra?
Eu acho muito arriscado. Sinatra já é difícil. Ainda por cima in loco! Eu acho muita loucura. Mas eu estou assinada para ir. Será em Nova York. Em novembro, deste ano.

Você também já visitou os repertórios de Edith Piaf, Dolores Duran, Chico Buarque… Há obra de outros artistas que queira interpretar?
Eu não gosto de falar muito de um futuro mais longo. De qualquer maneira, o que eu pretendo fazer depois do Sinatra é o Dorival Caymmi.

Já pensou em visitar o repertório da Elis Regina?
Não, porque é tão diferente a minha forma de cantar da dela. E a voz dela era tão espetacular. Aquela voz imensa. E o jeito dela tão “ela”! Eu acho que é quase uma ousadia a gente cantar alguma coisa do repertório dela.

Você dizendo isso, quem somos nós para duvidar…
(Silêncio) Pronto, já estou refeita! Desculpe, eu tomei um gole de Coca-Cola, pois estou no telefone há umas três horas. Minha garganta secou…

Tomando Coca-Cola assim só falta mastigar chiclete para virar uma roqueira legítima.
(Risos) Ah, eu gosto muito! Chicletes é muito bom para a dicção. Não é que facilita. Exercita a mandíbula, isso para quem tem alguma incerteza no tempo da fala.

Você tem algum chiclete preferido?
Não, não, eu não preciso... (Risos)

Mas antigamente, mascava algum?
Aquele da caixinha amarela. Adams! Mas se você botar isso na entrevista, pode ter certeza que a Adams vai mandar umas caixinhas para mim. Aí, eu lhe aviso. (Risos). Eu falei que gostava de Coca-Cola no Programa do Jô, no dia seguinte, estava cheio de refrigerante aqui.

(Risos…) São alguns dos benefícios de ser diva… Mais algum complemento, Bibi?
Só dizer que está muito bem. E que eu agradeço a Deus e a nosso senhor Jesus Cristo, por todo o benefício que ele me dão, esta saúde... E por poder levar um pouco de alegria para tanta gente em um Brasil tão grande como o nosso.

Aos 93 anos e com o seu currículo, você ainda tem disponibilidade para falar com tanta gente de imprensa. Esta simplicidade é uma lição para todos nós.
Obrigada! Todos me perguntam como eu me mantenho até agora. Eu digo que é pela simplicidade. Eu levo uma vida simples. Eu não complico. É isso aí!

Ser assim evita alguns sofrimentos?
O sofrimento é uma coisa natural da vida. É o retorno ou não. Não faz mal. O que vier, que venha! Eu tenho Deus, nosso senhor Jesus Cristo e a Virgem Maria me amparando a todo instante na minha vida.

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