Biografia "Mussum Forévis" conta a história do humorista trapalhão

Elemara Duarte
12/07/2014 às 07:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:21

“Mussumanos” a postos! Sai a biografia dele que rege a paixão de vocês que compram camisetas temáticas e que vão, no próximo dia 29, lembrar pelas redes “sociaiszis” o #mussum day. “Mussum Forévis” é o título da publicação escrita pelo jornalista Juliano Barreto. Mais um aditivo para manter a memória deste humorista entre os súditos do século 21.

“Mussum Forévis: Samba, Mé e Trapalhões” chega às lojas no mês no qual serão lembrados os 20 anos da morte do humorista carioca, provocada por uma insuficiência cardíaca, aos 53 anos.

Mas o personagem Mussum ainda vive. “A recepção pela ideia do livro me deixa muito animado, mesmo sem conhecer a história do Mussum”, observa Barreto.
Antônio Carlos Bernardes Gomes, nome de batismo do trapalhão, também foi integrante do grupo Os Originais do Samba, na década de 1960, viajou mundo, teve cinco filhos – cada um com uma mulher diferente – e os criou “na linha”, mandando todos os herdeiros estudarem.

“Foi um cara que viajou o mundo. Tocou com Elis Regina. Acham que foi apenas aquela fase da televisão”, acrescenta Barreto, que dedicou três anos da vida para escrever o livro.

E como Barreto teve esta luz para escrever sobre Mussum? Sugestão de um colega de profissão. “Por que você não faz um livro popular?”, lembra, o jornalista, sobre o pitaco.

Fã de Os Trapalhões desde a infância, Juliano Barreto, hoje, aos 31 anos, biografa a vida “sofrida” de Mussum. “O personagem e ele são muito próximos. São engraçados. Bebia ‘pra’ cacete. Adorava festas”.

Mas, por outro “ladis”, Mussum não era um trapalhão e levou uma vida um tanto quanto disciplinada. Aos 13 anos foi para um colégio interno e, por quase dez anos, foi cabo da aeronáutica, onde aprendeu a operar Código Morse. Como se não bastasse, ele cuidou dos filhos à moda antiga e deixou todos formados.

Uma figura! Mais figuras ainda são os filhos do humorista que autorizaram a feitura da biografia, numa boa. Barreto diz que a editora só topou publicar o projeto que ele propôs com o aval dos Bernardes Gomes. “Mas uma das condições é que eles leriam o material junto com qualquer outro leitor. Não tiveram nenhuma interferência”, diz ele.

Mas será que a mesa pode virar e a biografia se “empirulitar” depois que a história cair na boca do povo?

‘Mussumania’ vai de roupa a meme

Mussum é “Biritis”, que realmente virou marca de cerveja comandada por um dos filhos dele; “camisetis”, de marca licenciada pela família, e ainda está vivo em um monte de perfis de humor no “Twitzis” e no “Facebookzis”. O personagem também virou mania em “memes”, de “Obamis” a “Anderson Silvis”. É como se a cara do trapalhão coubesse em todas as caras do mundo. “Mussumania” pura entre a geração de novos fãs que pouco acompanharam o personagem em vida.

Mas a culpa disso tudo é da internet, garante o biógrafo do artista mangueirense, Juliano Barreto. Mais culpa ainda do “meme”. Ele analisou os quadros do Mussum e chegou à conclusão de que eram muito curtos. “Ele não sabia decorar texto. Hoje, quando isso cai na internet, é melhor para compartilhar”, justifica o autor.

A fama do humorista perdura, porém, é menor que a fama conquistada em vida. “Os Trapalhões foram um fenômeno gigante. Há uma carta do Boni (ex-diretor da Globo) dando parabéns a eles por terem conseguido 80% da audiência da televisão brasileira, num fim de semana, nos anos 1980”.

Imortalidade

Por muitos anos após a morte de Mussum, as camisetas com o rosto do humorista eram feitas por fãs e camelôs. Hoje, a marca está licenciada pela família do artista no site “usemussum.com”, lançado neste ano pela fabricante Reserva. Nelas, quase sempre, Mussum está encarnado em outros famosos – de Michael Jackson a Charlie Chaplin.

Primogênito de Mussum, o advogado Augusto Cezar Bernardes Gomes, 48 anos, diz que recebe “com orgulho” as notícias da imortalidade do personagem mais famoso do pai. Sobre a biografia, ele diz: “Gostei, terminei de ler ontem (quarta)”.

Sobre a opção de dar carta branca ao projeto do biógrafo, o advogado justifica, em nome dos quatro irmãos, suas respectivas mães e mais três netos: “A história de todos nós aponta virtudes e defeitos. Por que não falar disso também? Fomos criados assim. Ele (Mussum) sempre ensinou a gente a lidar com isso (a fama do pai). Ele nunca foi um superstar, ele era simples. E ensinou a gente a ser simples, natural”.

Zacarias também é ‘forévis’

Neste ano, serão lembrados os 80 anos de nascimento do pai da face ingênua de Os Trapalhões: o humorista e radialista Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias.

Mineiro de Sete Lagoas, Zacarias morreu em 1990, de insuficiência respiratória. Porém a memória do comediante dá inspiração à programação do 27º Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei, com o tema “Futebol”, e do Festival de Inverno de Sete Lagoas, que tem como homenageado o “Trapalhão” nascido na cidade. O evento acontece entre os dias 19 e 23 deste mês.

A iniciativa abre a mobilização para outras propostas culturais que devem ser implantadas localmente para reverenciar o artista. Ainda neste ano, a sala que o município mantém com um pequeno acervo de Zacarias deve ser ampliada para três ambientes.

Outro projeto em elaboração é a construção do teatro de Sete Lagoas. “Teatro Zacarias, quem sabe?”, sugere o secretário de Cultura da cidade, Márcio Vicente Silveira. Ainda nos projetos, está o “Festival Nacional de Cinema de Humor “– filmes de Os Trapalhões foram donos de grandes bilheterias cinematográficas. “É algo que ainda não tem, no que se refere aos festivais de Cinema no Brasil”, observa o secretário.

Enquanto isso, para o festival, mais de 400 alunos de 14 escolas municipais participaram de oficinas culturais, cujos resultados serão apresentados durante a programação.

Entre os shows de artistas locais e nacionais, dia 19, às 21h, se apresenta a banda 14 Bis. Dia 20, às 20h, o Teatro Mágico. Ambos na Praça da Feirinha, Palco Zacarias. Dia 22, às 20h, José Miguel Wisnik se apresenta na Lagoa da Boa Vista. Dia 23, no mesmo espaço, às 21h, Gilberto Gil. Acesse www.invernocultural.com.br

Celeiro de talentos na seara humor

Zacarias é um dos ícones das páginas do humor “made in Minas”. Mas outros nomes figuram no rol que leva mais sorrisos à vida das pessoas. Caso de Benjamin de Oliveira (1870 – 1954) ou Grande Otelo (1915 – 1993). Ou, mais recentemente, Saulo Laranjeira (e sua galeria de personagens), Gorete Milagres (a “Filomena”), Fernando Angelo, Geraldo Magela (o “Ceguinho”), Cida Mendes (a “Concessa”) e Pedro Bismarck (o “Nerso da Capitinga”)

*Com o auxílio do corretor ortográfico virtual “Mussumgrapher” 

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