Cada vez mais as mulheres conquistam a cena funk e música eletrônica

Hoje em Dia
31/07/2015 às 06:41.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:09
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

MC Mayara, a moça que aparece na foto ao alto, é a atração desta sexta-feira (31) de um evento – no Mercado das Borboletas – que promete atrair uma pá de modernos. Já Ludmilla, a bela morena que aparece a baixo, é um dos chamarizes do evento alusivo aos dez anos da Central de Eventos, marcado para o próximo dia 14 de agosto, no Mix Garden.

Expoentes da cena funk patropi, ao lado de outros tantos nomes (como Lexa, Anitta, Valesca Popozuda e MC Carol), as duas são exemplo da invasão de saias (digamos, minissaias, coladérrimas, de preferência) que faz balançar esqueletos de todas as classes sociais na cidade.

Basta conferir a agenda de casas concorridas da zona sul, como o Chalezinho. “Começamos a trazer shows de funk há quatro anos, e nessa época já trazíamos funkeiras. Caso da Anitta, que veio a BH muito antes de estourar, em um show menor, que reuniu alguns formadores de opinião que já a conheciam do Rio. Pouco tempo depois, ela bombou na mídia”, lembra Vinicius Veloso, um dos sócios da casa que, além da moça por trás do “Show das Poderosas”, também investiu, por exemplo, na paulista Tati Zaqi.

“A Ludmilla, trouxemos duas vezes, uma antes de ela estourar e outra, depois do sucesso. Gostamos de fazer isso, pois mostramos o artista antes do sucesso e depois. Fazemos essas apostas”.

Vinicius adianta que, para o final do ano, já está marcado um show com um novo nome, aposta como a próxima funkeira a estourar. “Por isso não posso revelar o nome”, despita ele, que, precavido, já agendou outro show com a garota, para 2016.

Mas Vinícius faz uma ressalva importante: “Só trazemos o funk cujas letras não colocam a mulher como objeto. Que falam da mulher que curte a vida e se posiciona. E esse estilo fala muito ao público jovem, e, mais especificamente, com as mulheres”. Aliás, ele entende que o funk foi um dos primeiros estilos a perceber essa mudança de papel da mulher na sociedade – e a cantar isso.

Fugir dos padrões impostos pela sociedade é uma característica

A estudante Gabriela Brito, 20 anos, sempre amou funk. “Desde o estouro do furacão 2000. Aos 11 anos, amava MC Marcinho, Mc Leozinho ou Tati Quebra-Barraco. É um ritmo que é a cara do Brasil e sempre me contagiou”, diz ela, que ratifica o aumento da presença de mulheres nesta cena. “É notável (o fato de mais mulheres estarem conquistando espaço). Temos vários exemplos de famosas: Ludmilla, Valesca, Anitta, Mc Carol, Mayara... ”

A moça diz sentir um carinho especial pelas mulheres do funk, por se identificar com determinadas letras. “Mas, no geral, escuto funk sem muita distinção (do sexo do artista). O ritmo é realmente o diferencial”.

Autenticidade

Gabriela conheceu MC Carol pela internet, e achou genial a música “Meu Namorado é o Maior Otário”. “A gente sempre vê, nas letras feitas por homens, um certo conteúdo machista, que rebaixa as mulheres. Vi essa letra como a reação de uma mulher sempre subjugada e vista como objeto fazendo o mesmo com um homem. “Gosto dela (Mc Carol) por isso. É autêntica, totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade”.

MC Carol esteve recentemente na mídia por conta de “Não Foi Cabral” (leia ao lado). “Amo ela mais ainda depois desta música”, prossegue Gabriela. “É uma mulher incrível mesmo. Diferenciada. Merece reconhecimento. Fiquei superfeliz quando vi que ia cantar aqui em BH! Vai ser um show com todo tipo de gente, que combina bem com a diversidade do funk e com a Carol. Tenho certeza que vai ser maravilhoso”.

Funk elite

Há dois anos aplicando seu som, a DJ Tainá Felipe, 18, é adepta do que chama de funk elite (“que não prega discriminação contra a mulher, sem palavrões e que pode ser escutado pela família”). Para ela, a maior participação da mulher no universo do funk mostra “que ela (a mulher) também sabe fazer as coisas. Tá botando banca”. Sobre suas performances, diz: “Faço um pouco de tudo, canto, danço. Faço rima relacionada à música antes de tocá-la. Consigo agradar tanto quem gosta de funk, quanto quem não gosta”.

Colaborou Jéssica Malta Couto/Especial para o Hoje em Dia

 MC Carol se apresenta pela primeira vez na cidade, dia 7, no Liberty Hall; os ingressos para o Meet & Greet  estão esgotados

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por