Caetano Veloso e a Banda Cê chegam a Belo Horizonte

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
26/04/2013 às 10:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:11

Pelo fato de ser amigo de longa data de Moreno, o primogênito de Caetano Veloso, o guitarrista Pedro Sá sempre viu com certa naturalidade o convívio com aquele que é considerado, para os reles mortais, um mito, um bastião. Mas nada que deixasse de lado a ciência da honra que seria dividir um trabalho com o cantor e compositor. O que acabou se desdobrando em nada menos que três empreitadas: os discos de "Cê" (2006), "Zii e Zie" (2009) e "Abraçaço" (2012).

Ou seja, a famosa trilogia que aproximou ainda mais Caetano do público jovem.

No caso de "Abraçaço", a turnê nem bem entrou em cena e – cereja do bolo – já desembarca na capital mineira, para duas apresentações no Palácio das Artes (sábado e domingo, confira roteiro). Quem acompanha o noticiário cultural, sabe: Pedro Sá é um dos três vértices que formam a banda que acompanha o baiano. Os outros dois? O baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes.

E foi Sá o "incumbido" de conversar com o Hoje em Dia. A entrevista começou com o norte da troca de experiências entre gerações. Em agosto passado, Caetano completou 70 anos de vida. Os "meninos" da Banda Cê estão na faixa entre os 30 e 40.

"Ao mesmo tempo que é muito natural trabalhar com ele, estabelecer uma afinidade musical e criativa, é uma honra, uma responsabilidade. Porque é o Caetano, uma pessoa muito forte na cultura brasileira e também com carreira internacional muito significativa, no porte e na altura em que ele está da vida. Mas é real, muito simples", compartilha.

Criatividade

Segundo Pedro, Caetano define muito bem os papeis, o que não daria margem a divergências, mal-entendidos. "Rancor zero". Mesmo de posse de um convívio particular privilegiado, Pedro não nega que, ao acompanhar Caetano nos últimos anos, se deparou com facetas surpreendentes. "Particularmente, no que diz respeito à criatividade musical dele. Tive muito contato com as composições novas, com a maneira de ele pensar e trabalhar e, na hora de tocar, de passar para a banda".

Dessa vez, Pedro disse ter sentido uma responsabilidade maior em relação às outras nas quais tocou com Caetano. "Mas já sabia mais ou menos como era. A surpresa mesmo foi ver ele fazer tantas músicas tão boas a esta altura. O cara vem com milhares de canções super inspiradas! É impressionante mesmo, é muita capacidade criativa...", confidencia.

Quase todas as faixas do disco entraram no roteiro do show

O show traz quase todas as canções do disco "Abraçaço" (Universal Music), lançado no final de 2012. Instado a citar os momentos que mais cooptam a atenção do público, Sá reconhece que "A Bossa Nova é Foda" e, claro, "Abraçaço" são, sim, as mais cantadas. "Mas achei surpreendente observar que, no show feito no Circo Voador (Rio de Janeiro), quando Caetano cantou ‘Quando o Galo Cantou’ – um samba-canção lento, digamos assim, nada pop, que não é dançante e tampouco não tem uma letra fácil, todo mundo cantou junto".

O que, ainda de acordo com o guitarrista, em parte explicaria o alcance de Caetano Veloso. "Mesmo quando ele faz uma coisa complexa, faz calcada na tradição popular".

E "Abraçaço" de fato encerraria a parceria com a Banda Cê? "Bem, na verdade, ele (Caetano) nunca definiu ‘Abraçaço’ como o último, o que falou é que seria pelo menos uma trilogia. Então, não sei mesmo, mas o fato é que é muito bom trabalhar com ele, muito fácil, muito tranquilo. Então, por enquanto, estou pensando só em trabalhar esse show. Quero é tocar mais. É muito prazeroso, e é muito bom ter uma resposta boa do público. As pessoas me ligam para dizer que gostaram e, vale lembrar, cantaram as músicas desde o primeiro show".

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