Canto da sereia: Bloco ‘Filhas de Clara’ estreia neste domingo, homenageando Clara Nunes

Lucas Buzatti
14/02/2019 às 18:33.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:33
 (Divulgação)

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“Depois desse dia feliz / Não sei se outro dia virá / É nossa manhã, tão bela afinal / Manhã de Carnaval”. Ode à folia momesca, “Manhã de Carnaval”, de Chico Buarque, é uma entre tantas pérolas do cancioneiro brasileiro eternizadas pela voz e pela atitude de Clara Nunes (1942-1983). A cantora mineira, natural de Paraopeba, é uma das grandes referências femininas do samba, tendo influenciado vozes por todo o país.

Em Belo Horizonte, uma de suas entusiastas é Aline Calixto, que em 2019 decidiu dar vazão a uma vontade antiga – botar na rua um bloco carnavalesco dedicado à obra de Clara Nunes. Intitulado “Filhas de Clara”, o grupo desfila pela primeira vez neste domingo (17), às 15h, no bairro Renascença, onde a cantora morou, quando veio para BH, em 1957.

Na avenida Clara Nunes, Aline Calixto vai entoar cerca de 40 canções do repertório da sambista, dividindo os vocais com Marina Machado e Tia Elza. Totalmente formado por mulheres, o bloco ainda conta com Analu Braga, Alcione Oliveira, Nanda Bento e Chris Cordeiro, nas percussões; Marcela Nunes, na flauta; Maria Elisa, no cavaquinho; e Alessandra Sales, no violão. “Eu queria privilegiar o espaço das mulheres, porque Clara é uma força feminina de Minas Gerais e aqui temos cantoras e instrumentistas talentosíssimas”, conta Calixto.Ayala Melgaço/Divulgação 

As cantoras mineiras Tia Elza, Aline Calixto e Marina Machado no ensaio do bloco Filhas de Clara

“Fazer um bloco não é tarefa simples. É preciso esforço e articulação, principalmente quando não há capital financeiro. Viabilizar uma bateria requer tempo e gente para conduzir a tarefa. Então, neste primeiro ano, sairemos apenas com o grupo, mas a ideia é que no próximo Carnaval tenhamos uma bateria”, completa a cantora, que também coordena o Bloco da Calixto.

Quando o papo é o legado de Clara Nunes, a cantora não mede elogios. “Ela é importante não só por ter sido uma cantora de samba, mas pelos discursos necessários e contundentes que trazia. Clara cantava o amor, a dificuldade do povo, a cultura brasileira, a religiosidade afro-brasileira. Deixou um legado riquíssimo e atemporal. Difícil foi a fazer a seleção de um repertório tão vasto”, afirma Calixto.

Para a sambista, são louváveis as iniciativas de blocos de Carnaval que homenageiam a obra de grandes nomes da música brasileira, como Tim Maia e Jorge Ben (Chama o Síndico), Belchior (Volta Belchior), Beiço do Wando (Wando), Lindo Bloco do Amor (Gonzaguinha) e “Toca Raul” (Raul Seixas). “Acho fantásticas as oportunidades de revisitar a obra de artistas importantes como esses. Se há boa intenção, conceito e qualidade, que venham mais”, finaliza. 

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