Casa Fiat de Cultura prepara inauguração com expoentes das artes plásticas

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
14/12/2013 às 07:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:48
 (Divulgação)

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No dia 9 de junho de 2014, a Casa Fiat de Cultura passará a ocupar o antigo Palácio dos Despachos, na Praça da Liberdade, com a promessa de trazer para a capital mineira, já na sua inauguração, um expoente das artes plásticas da Itália. O nome do artista (ou artistas) é ainda guardado a sete chaves, mas outras informações começam, desde já, a serem reveladas.   Bem mais que conquistar outro espaço de cultura e receber uma grande exposição, também é certo que o público em Belo Horizonte vai ganhar a revitalização de duas obras importantes do Modernismo e do Barroco – além do próprio prédio, inaugurado em outubro de 1967.    A primeira delas é o painel “Civilização Mineira” (1959), do pintor Candido Portinari (1903-1962). A obra, já restaurada, foi apresentada na última sexta-feira (13) durante coletiva de imprensa, que contou com a presença do governador Antonio Anastasia (PSDB). A outra peça, ainda a ser restaurada, é uma escultura barroca, que o Hoje em Dia teve acesso com exclusividade. A escultura, talhada em madeira, é uma “Sant’anna Mestra” com traços de criação do século 18. A obra foi encontrada na capela localizada no mesmo terreno do antigo Palácio.    Pelas mãos de Queridinha   A peça chegou até Belo Horizonte pelas mãos da esposa do ex-governador de Minas, José Francisco Bias Fortes (gestor do Estado entre anos 1956 e 1961). Tão logo o marido tomou posse, a então primeira-dama, Francisca Cândida Tamm, conhecida como “Queridinha”, tratou de cumprir uma promessa feita ao sogro Crispim Bias Fortes (1847–1917).   “Meu avô estava muito triste porque tinham destruído a Capelinha de Santana para construir o Palácio da Liberdade. Minha mãe então prometeu a ele que se Bias Fortes fosse eleito ela construiria uma nova capela para Santana”, conta Maria da Conceição Bias Fortes, 86 anos, filha de Queridinha.   “Logo que papai assumiu, ela escreveu uma carta para todos os prefeitos de Minas pedindo dinheiro ou material para construir a capela. Todos eles ajudaram de alguma forma e minha mãe finalmente pôde cumprir a promessa feita à meu avô”. Segundo Conceição, a “Sant’anna Mestra”, que a partir de agora receberá os cuidados merecidos, foi doada por um fazendeiro dos arredores de Belo Horizonte.   Uma curiosidade: Se você tiver a chance de ver a capela de cima vai descobrir que o prédio tem forma de “Q”. Uma homenagem mais do que justa, assinada pelo arquiteto Gilson de Paula, à quem soube cumprir uma promessa.   Restauro a caminho   Em estudos preliminares, a restauradora Rosângela Costa afirma que a peça tem características de autoria reconhecível. “No entanto, ainda é cedo para confirmar o artista responsável por ela. Mas tudo leva a crer que seja alguém que atuou em Ouro Preto e região”.   Apesar do trabalho de restauro da obra ainda não ter começado, o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, assegura que a peça, que permanecerá na capela, poderá ser vista pelos belo-horizontinos durante a inauguração do espaço.   O trabalho da equipe técnica, certamente, não será dos mais fáceis. Isso porque segundo Rosângela, a peça sofreu uma restauração danosa, que mascarou toda a originalidade da escultura. “Infelizmente não poderemos recuperar a pintura. A peça foi totalmente maquiada e perdeu suas referências”, explica.   Ainda de acordo com a restauradora, entre as técnicas utilizadas pelo artista que se perderam está o chamado “esgrafiado” (técnica tradicional de pintura sobre douração com retirada da camada pictural para que apareça a decoração com ouro).    “Sabendo disso, nosso trabalho de restauração estará voltado para resgatar apenas a escultura. As cores originais, infelizmente, perderam seus resquícios”, reitera.

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