Chico César encerrra Festival Imune com espetáculo 'Preto Perto'

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
28/03/2018 às 16:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:04

Foi na sua mudança para o sudeste, em 1984, que o paraibano Chico César teve a ideia para apresentação que inspirou o espetáculo “Preto Perto”, que une voz, violão e experimentação hoje no Sesc Palladium. “Na época, fiz um show chamado ‘Pão Recheado com Granada’, que eu usava um conceito de algo que começa, se desenvolve e termina, como se fosse a vida. Cantava o nascer, a criatura e o fim”, lembra.

O resgate do conceito aconteceu quando ele recebeu um convite para uma apresentação de voz e violão, e é este formato que ele reprisa no show de hoje, que encerra o Festival Imune. Trazendo canções conhecidas e experimentações inéditas o show é uma surpresa. “Passo por coisas que não estão gravadas e talvez nem venham a ser, porque são experimentações que acontecem ali na hora”, conta Chico César.

Ele explica que, para além das inventividades, a apresentação também traz um caráter teatral. “É menos celebrativa que um show com banda. Trata-se mais de um recital, uma coisa aleatória”, sublinha. “Tive a oportunidade de fazer esse espetáculo no ateliê do Ronaldo Fraga, que também é um café, e foi uma experiência muito boa”, celebra.

Agora, a apresentação volta à capital em outra ocasião, no encerramento de um evento que celebra a cena artística negra da capital. “Minas é um berço, um repositório da música e da arte negra como um todo. No processo colonizador do Brasil, a presença do negro em Minas Gerais foi muito marcante e isso deságua nas manifestações urbanas e contemporâneas, que são cada vez mais explícitas em BH”, pontua o músico. “É uma cultura impossível de ser refreada. Um festival como o Imune mostra isso, que por mais que tenha havido e ainda exista uma pressão, o movimento humano é mais forte e acaba transbordando, como acontece agora”, afirma.

Diante do contexto sociopolítico atual, Chico ressalta a importância de um posicionamento, principalmente com os debates amplificados após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. “Ela já tinha uma importância, mas agora ela continua viva com a nossa força, que passa por uma força que ela transmitiu e plantou em nós através da sua luta e suas reivindicações. Cada brasileiro interessado em uma luta pela democracia e justiça social vai levar essa fala não apenas para o palco, na música e nos palanques, mas na vida que é o mais importante”, diz.

Na estrada há pouco mais de três anos com o espetáculo “Estado de Poesia”, onde se apresenta com uma produção mais ampla, o músico adianta que a intenção é continuar e finalizar o projeto neste ano. “Quero continuar com o ‘Preto Perto’ e estou em um espetáculo chamado “Camarada”, ao lado da minha esposa, Bárbara Santos, que é atriz”, conta.

Serviço: Chico César apresenta “Preto Perto”, às 21h no Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro). Ingressos a partir de R$ 12

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por