
Artevismo. Esse é o neologismo escolhido pelo cantor e compositor Chico César para explicar “O amor é um ato revolucionário”. Décimo segundo disco da carreira do artista, o álbum traz reflexões acerca dos momentos político e social no país.
“Nunca componho para um disco em si, pelo menos nunca fiz desse jeito, mas nos últimos anos compus muito, estimulado pelas nossas vivências de estar no Brasil, de observá-lo, de ir para a rua junto com as pessoas”, revela o músico.
A inspiração foi tanta que Chico não esperou pela formatação do álbum e divulgou muitas das músicas na internet, em uma apresentação simples de voz e violão. “As canções têm certa urgência, não podem esperar. Elas querem ‘dizer’ assim que nascem”, explica.
Com o tom político permeando as 14 faixas, Chico César ressalta ter tomado cuidado para não dar ao disco um discurso panfletário. “Esse é um equívoco que espero não estar cometendo. Quando caímos no panfleto puro e simples, fazemos o jogo do autoritário, não é mais arte. Por isso é sempre legal buscar um lugar lúdico, subjetivo”, avalia.
É isso que o artista procurou fazer, por exemplo, na canção “Cruviana”. “Busquei o lugar do teatro, como se aquilo fosse uma pequena passagem, uma peça em que o personagem enfrenta um grupo de burgueses. Digo de um jeito engraçado o que eu diria de cara fechada”.<EM><QA0>
Redes sociais
Além de refletir o momento do país – e até mesmo a relação das pessoas com as redes sociais, como ele faz em canções como “History” e “Like” – Chico destaca a importância do amor na faixa que dá título ao álbum. “O disco clama por isso e celebra isso: o amor como uma manifestação de todos, como algo coletivo a ser vivenciado na luta, no enfrentamento ao fascismo”, pontua.
O lado oposto do sentimento também é cantado pelo músico. Segundo ele, a intolerância e o ódio também são temas muito presentes na sociedade.
Sonoridade
E se, nas letras, Chico César revela uma luta em busca da liberdade, a sonoridade do álbum reflete o mesmo sentimento. “Não poderia falar de liberdade sem exercê-la. O disco traz introduções longas, experimentação, improvisação. Ele se inspira, de certa forma, na contracultura”, destaca o compositor. Seguindo essa premissa, o trabalho traz também uma mescla de gêneros, que vão do rock ao brega, além de músicas de meditação.