Cia Pierrot Lunar apresenta "Acontecimento em Vila Feliz" em grandes festivais do país

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
08/11/2013 às 09:55.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:01
 (Matheus Soridem)

(Matheus Soridem)

Completar 20 anos ativo, a pleno vapor, não é para qualquer núcleo artístico – sobretudo no Brasil, onde o dia seguinte é (quase) sempre uma incógnita. A Cia Pierrot Lunar, entretanto, vive a alegria da maioridade ao mesmo tempo em que grandes festivais pelo Brasil avalizam seu trabalho: este mês, "Acontecimento em Vila Feliz" praticamente emenda apresentações na 15ª Mostra Sesc Cariri (CE), no 16º Festival Recife do Teatro Nacional e no Encontro Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis (RJ). Nem poderia haver aval melhor no meio teatral.

Feliz da vida, evidente, a equipe de seis profissionais embarca neste sábado (9) para Fortaleza, de onde segue para a sessão de domingo (10) no sertão do Cariri. Lá, exibe na rua a adaptação do conto homônimo do mineiro Aníbal Machado (1894-1964), sobre a mais bonita e assediada moça de um vilarejo, que frustra a expectativa dos conterrâne-os se unindo e engravidando de um forasteiro.

Criado em 2011, dirigido por Leo Quintão (coordenador da Pierrot com Neise Neves, parceira e esposa desde os tempos de formação teatral no Cefar), "Acontecimento" é um musical. O talentoso ator, músico e compositor Luiz Rocha assina a direção musical e oito das nove canções da trilha original.

Além dos cinco atores, um fusca monopoliza as atenções na cena – isso mesmo, um exemplar do automóvel que o ex-presidente Itamar Franco se empenhou em fazer a empresa alemã voltar a fabricar no país, em 1992.

Além das montanhas

Primeira criação de rua da Pierrot, "Acontecimento em Vila Feliz" é um das mais bem-sucedidas das suas dez montagens. Foi exibida diversas vezes em Belo Horizonte, viajou até cerca de 40 cidades. Só para situar, talvez só o Galpão some mais números de apresentações. As cinco nestes três festivais serão as primeiras além das fronteiras de Minas.

Como conseguiu? Acuada por não captar recursos de lei de incentivo que lhe possibilitassem viajar, a Pierrot expôs a um sindicato de produtores rurais uma proposta de chegar ao interior. Uma apresentação-teste no vilarejo (e antigo quilombola) de Quem Quem, perto de Januária, sacramentou o acordo. "Fomos inclusive a Neitzel, uma vila pomerana quase na fronteira do Espírito Santo", recorda Léo. Não foi um embaraço encontrar o fusca que abre a encenação: "Em todo lugar que se vai, tem".

Obviamente, contar com o fusca não será problema nas próximas paradas: de 25 a 27, no Recife; e dia 29 em Angra. Muito menos radical que a solução tomada pelo Galpão, ao estacionar a veraneio Esmeralda como cenografia do clássico "Romeu e Julieta", a Pierrot usa o fusca só parcialmente. Basta que ele esteja em condições de se locomover. Tudo isso é sabido de antemão por quem convida o espetáculo. Os três próximos festivais foram informados por farto material expositivo.

Agora, é desejo unânime na Cia que olheiros de mais festivais apareçam e a conduzam a muitas outras viagens.

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