Ciclo de palestras, debates e exposições abrem homenagens ao centenário de Vinicius de Moraes

Elemara Duarte - Hoje em Dia
29/07/2013 às 07:50.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:28

O poeta e músico Vinicius de Moraes é a grande estrela da quinta edição do projeto cultural Arte em Foco neste ano. O ciclo de reflexões abre nesta segunda-feira (29), com um dos mais importantes especialistas da obra do poeta, o professor e escritor Eucanaã Ferraz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eucanaã faz a série de palestras "Vinicius de Moraes: vário e único", que continua na terça (30) e na quarta-feira (31). A programação do evento segue até dia 31 de outubro.    "Minha atenção está voltada para o Vinicius há dez anos. Junto com Antonio Cicero (poeta e compositor) já organizei a nova antologia poética dele. Desde então fiquei como o responsável pela reedição das obras do Vinicius", diz Ferraz.   Vinicius jazzista   No centenário de nascimento do artista carioca, lembrado em 19 de outubro deste ano, uma das publicações inéditas mostra Vinicius e seu encontro com o jazz. O livro é resultado de esforço de pesquisa de Ferraz: Jazz & Co. (Companhia das Letras).   Vinicius desembarcou em Los Angeles em 1946 para trabalhar como diplomata. Nos cinco anos em que viveu na terra do "Tio Sam" travou conhecimento com o jazz, ritmo mais inovador que aquele país conheceu.    Sensível, Vinicius de Moraes fascinou-se com a história dos negros norte-americanos e fez amizade com vários músicos. "O apartheid racial ainda era muito forte naquela época. Ele viu isso tudo e reclamou muito disso", acrescenta.    São histórias garimpadas por Ferraz em artigos e poesias que o próprio poeta escreveu durante a experiência no exterior.   Nos encontros desta semana, Eucanaã fará o que chama de "mirada histórica" sobre a obra de Vinicius, especialmente sobre a sua poesia. A primeira fase é ligada à formação religiosa católica. "É uma poesia com um tom nobre, aristocrático", diz.    Num segundo momento, experimentando novas formas e temas, Vinicius aterrissa no cotidiano até chegar nas experiências de vida de um homem mais comum.    Vinicius de Moraes é cada vez mais lido, garante Ferraz, que atribui às reedições um dos estímulos ao fenômeno. "É um poeta de muito frescor. Tem formas e temas muito próximos da poesia contemporânea. A poesia dele tem a potência dos grandes clássicos. Além disso, ele é um poeta que a gente ouve tocando no rádio", inclui, sobre a popularização do texto do carioca.   Drummond na estreia   "Vinicius é um poeta nacional. Assim como Drummond", compara Ferraz. Outra participação do professor, neste ano, é no posfácio do relançamento de "Alguma Poesia", primeiro livro publicado por Drummond, em 1930, também da Companhia das Letras. "Parece um livro que foi publicado hoje", justifica.   Eucanaã o define como novo, vibrante, com humor e emoção. Marca típica e insubstituível da eternidade dos clássicos.   Debates lembram Humberto Mauro, Pixinguinha e Boal   Além de Vinicius de Moraes, o Arte em Foco, neste ano, também chama para os debates a memória de Humberto Mauro, Pixinguinha e Augusto Boal. De segunda a quinta-feira, a edição 2013 acontece de julho a outubro, sempre a partir das 19 horas, na Funarte (rua Januária, 68, Floresta).   No primeiro ciclo de palestras, os participantes podem conferir a mostra "No Ritmo da Poesia: Música e Amizade em Mário de Andrade e Vinicius de Moraes". "Vinicius se tornou muito amigo do Mário nos anos 1940. Eles planejavam escrever uma enciclopédia da música popular brasileira. A exposição tem fotos raras, poemas e cartas dos dois", expõe o curador da mostra, o professor e ensaísta Roniere Menezes.   Encerrando esta primeira fase, nesta quinta-feira, Roniere Menezes fala da ideia geradora do livro "O Traço, a Letra e a Bossa: Literatura e Diplomacia em Cabral, Rosa e Vinicius", escrito por ele, em 2011.    No mesmo dia, o violonista Rogério Leonel e a cantora Lígia Jacques interpretam músicas compostas pelo poeta. Roniere Menezes declamará poesias e fará comentários sobre as canções apresentadas. "Será uma aula-show", define o curador da mostra.   Na agenda   No próximo mês, entre 26 e 28 de agosto, o professor da USP Eduardo Morettin vai abordar a obra do mineiro Humberto Mauro (1897-1983). Ainda no segundo ciclo, o professor, diretor de cinema e roteirista Ataídes Braga apresenta a intervenção artística com fragmentos de filmes "O Cinema Como Cachoeira". Ataídes fala ao público no dia 29.   De 23 a 25 de setembro, outro representante da USP, o professor Antonio Carrasqueira, traz a obra de Pixinguinha (1897-1973). Rodas de choro ao vivo com o grupo "O Regional Choro Nosso", serão usadas nas aulas. O Regional também falará sobre o compositor no dia 26 do mesmo mês.   No último ciclo de debates, entre os dias 28 a 30 de outubro, é a vez dos participantes falarem sobre Augusto Boal (1931-2009), o criador do "Teatro do Oprimido". O encontro será liderado pela professora Sílvia Balestreri, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.   "Vinicius de Moraes, Pixinguinha e Humberto Mauro são autores que fazem parte das nossas publicações (da Funarte). Mas a escolha de Vinicius para abrir se deu pelos participantes do evento, no ano passado", justifica a coordenadora da instituição, em Minas, Mírian Lott.     Inscrições e informações: .

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