Cinema aborda o drama de emigrantes portugueses

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
02/02/2015 às 08:08.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:52
 (Divulgação)

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A presença de portugueses atuando como responsáveis por serviços domésticos ou ocupando cargos, digamos assim, pouco valorizados em cidades francesas, particularmente Paris, vem inspirando filmes interessantes, como “As Mulheres do Sexto Andar”, de Philippe Le Guay, com Fabrice Luchini e a sempre ótima Sandrine Kiberlain à frente do elenco (disponível em DVD).   Outra investida neste tema pode ser vista atualmente no Now, canal de filmes on demand, após ser exibida nos cinemas da capital mineira: “A Gaiola Dourada” (La Cage Dorée, Portugal, França, 2014, 1h31). O detalhe é que a história, aqui, é conduzida sob as lentes de um diretor luso, Ruben Alves, que diz ter se inspirado em sua história real. Em cena, uma simpática família portuguesa encabeçada por um rosto “pra” lá de conhecido do público brasileiro, Joaquim de Almeida (de filmes como “Only You” e “O Xangô de Baker Street”), e Rita Blanco.   Ela atua como a devotada zeladora de um edifício residencial, Maria Ribeiro, enquanto ele faz as vezes de José, mestre de obras da construção civil extremamente qualificado. Ocorre que os dois ressentem-se, em parte, do tratamento a que são submetidos – a gratidão dos patrões não é proporcional ao volume de trabalho. Não bastasse, um dos filhos, adolescente, pouco disfarça o constrangimento que sente quanto à origem dos pais, mentindo para os colegas e para a garota francesa pela qual seu coração bate mais forte.   A vida caminha dentro de sua dita normalidade até que o casal recebe uma correspondência dizendo que o irmão de José, com o qual o mesmo não mantinha contato há tempos, resolveu deixar uma espetacular quinta aos dois, com a condição de que os parentes voltem à terrinha, e toquem pessoalmente, com as próprias mãos, o lucrativo negócio dos vinhos. Oui, é a chance de dizer adieu a um longo período de muitas exigências e pouquíssimo reconhecimento – ao menos transmutado em palavras, posto que sim, todos os franceses aos dois relacionados são plenamente cônscios do valor do casal.   Enquanto José e Maria, inocentes que são, acham que a herança é um segredo bem guardado a sete chaves, a notícia se espalha e incita comportamentos que facilmente resvalam para a chantagem emocional. A ideia é dissuadi-los da ideia de deixar a França, e manter o competente casal no quadrado da subserviência. A tal “gaiola dourada” à qual o título faz alusão...

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